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Schäuble diz que políticas monetárias atingiram o limite, mas Krugman quer mais

O ministro alemão das Finanças defende que "as políticas monetárias atingiram o topo do limite das suas possibilidades". Pelo contrário, o economista Paul Krugman acredita que nem mesmo o actual volume de políticas expansionistas é suficiente: "precisamos de mais".

1 de Março – Schäuble em entrevista a um jornal alemão

“Não queremos um 'Grexit'. Somos solidários, mas não extorsionários. Ninguém forçou a Grécia ao programa de ajuda. Por isso, está totalmente nas mãos do Governo de Atenas. Seria bom que o Governo grego não falasse de modo que nos seja difícil convencer os nossos cidadãos”.
03 de Novembro de 2016 às 21:32
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Continua quente o debate em torno das políticas monetárias expansionistas, adoptadas e reforçadas pelos bancos centrais das maiores economias mundiais. Numa conferência realizada esta quinta-feira, 3 de Novembro, em Frankfurt, Wolfgang Schäuble afirmou que "as políticas monetárias atingiram o topo do limite das suas possibilidades, com todos os riscos e efeitos colaterais".

 

O ministro alemão das Finanças referia-se às políticas expansionistas adoptadas pelo Banco Central Europeu (BCE) que, além de manter as taxas de juro em mínimos históricos, tem em curso um programa mensal de compra de activos que definiu como objectivo comprar uma média de 80 mil milhões de euros de activos por mês. Este programa foi prolongado até Março de 2017, mas o presidente da instituição, Mario Draghi, já mostrou disponibilidade para continuar se as condições económicas assim o determinarem.

 

Contudo, Schäuble considera que estas políticas acomodatícias são dissuasoras da prossecução de reformas estruturais que assegurem a estabilidade orçamental que o ministro germânico considera primordial. "Temos uma moeda comum (euro), mas esta divisa comum não deve minar incentivos às reformas [estruturais] necessárias", disse Schäuble citado pela agência Bloomberg.

 

Defensor das políticas de austeridade adoptadas no âmbito da Zona Euro como resposta à crise das dívidas soberanas que se seguiu à crise financeira de 2008, o governante alemão sustentou que tendo em conta a inexistência de políticas orçamentais comuns (a propalada união orçamental no seio do bloco do euro) na Zona Euro, as políticas monetárias deveriam ser acompanhadas de um conjunto de medidas de cariz orçamental sujeito às regras europeias.

 

Na mesma linha falou esta quinta-feira, em Amesterdão, um outro crítico das políticas levadas a cabo pelo BCE, o também alemão Jens Weidmann. Este presidente do banco central germânico (Bundesbank) defendeu que a instituição liderada por Draghi deveria dar tempo para que os estímulos económicos adoptados pudessem demonstrar o seu completo impacto na taxa de inflação. Em Outubro os preços no consumidor cresceram para os 0,5% face ao período homólogo, evolução ainda muito distante da meta em torno de 2% pretendida pelo BCE.

 

Já Paul Krugman, em entrevista concedida esta quinta-feira à Bloomberg, sustentou precisamente o contrário. O economista laureado com o Prémio Nobel da Economia admite que "nós já temos políticas monetárias expansionistas não convencionais", reportando-se também às medidas seguidas pela Reserva Federal dos Estados Unidos ou às diversas fases do programa aplicado no Japão (Abenomics).

 

No entanto, Krugman defende que tendo em conta a "grande escassez de procura" ao nível mundial e o "risco de ‘japanização’ no mundo desenvolvido e em desenvolvimento" (ou seja, o risco de estagnação e deflação) as políticas monetárias já até aqui adoptadas "não são suficientes, precisamos de mais".

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