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O BCE vai começar a dar novas pistas de actuação, mas se calhar você não vai dar conta

O próximo ano trará algumas novidades na linguagem que o BCE utiliza para se referir ao fim do programa de compra de activos, mas não deverá ser uma mudança repentina ou substancial.

Bruno Simão
21 de Novembro de 2017 às 11:29
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Não se espera uma revolução. Mas o Banco Central Europeu (BCE) deverá fazer alguns ajustes à sua comunicação sobre futuras decisões de política monetária. Segundo a Bloomberg, à medida que se for aproximando o fim do "quantitative easing" (programa de compra de activos, ou QE), a linguagem usada por Mario Draghi deverá acompanhar. Mas muito devagarinho.

 

O plano gizado em Frankfurt passa por mudanças incrementais nos termos utilizados para descrever o caminho previsto pelo BCE até à extinção do QE. A estratégia faz sentido, tendo em conta que o fim do programa também deverá ser gradual.   

 

A agência diz que a informação lhe chegou por responsáveis da Zona Euro, que pediram para não serem identificados. O porta-voz do BCE não quis comentar.

 

O BCE está a tentar executar um difícil número de equilibrismo. Por um lado, existe alguma pressão para ir abandonando instrumentos não convencionais, como o QE, que não podem ser estendidos para sempre. Por outro, quer evitar a todo o custo um choque de expectativas, que leve empresas, investidores e famílias a travar algum do optimismo, colocando em risco a meta de 2% de inflação.

 

Ainda no mês passado, o banco central anunciou uma desaceleração da compra de activos, mas, ao mesmo tempo, uma extensão do programa por mais nove meses e a garantia de que, se necessário, as compras seriam reforçadas. Um sinal de que o QE vai perder relevância, mas sem que seja fixada uma data para desaparecer. O objectivo é ir regressando a alguma normalidade monetária – fim do QE e subida de juros – sem que os mercados se ressintam.

 

O risco desta estratégia tem sido tornar a comunicação do BCE mais complexa e, por isso mesmo, mais difícil de apreender. Haverá o risco de os agentes económicos perceberem mal aquilo que o banco pretende fazer? Esse receio justifica parte da decisão do BCE de garantir que as mudanças de linguagem são graduais e explica o motivo pelo qual os bancos centrais parecem tão preocupados com a forma como utilizam as palavras, como ainda há dias o Negócios escreveu.

 

As compras de obrigações vão diminuir a partir de Janeiro para 30 mil milhões de euros por mês e durarão pelo menos até Setembro do próximo ano. Mesmo depois do fim do programa de compra de activos, o BCE espera manter as taxas de juro nos níveis mínimos em que se encontram actualmente por mais algum tempo. Como já noticiou o Negócios, subidas provavelmente só em 2019. 

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