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Minutas da Fed mostram divisão entre os membros

As minutas da última reunião da Fed revelam que os membros que decidem sobre a evolução das taxas de juro no país estão divididos. A decisão foi descer o preço do dinheiro, mas para alguns não foi longe o suficiente, enquanto outros responsáveis consideram que foi longe demais.

Reuters
Sara Antunes saraantunes@negocios.pt 21 de Agosto de 2019 às 19:33

Os membros da Fed que votaram a descida de juros na última reunião fizeram-no para posicionar melhor a política monetária de forma a minimizar os "efeitos de um crescimento económico mais lento e a incerteza da questão comercial", revelam as minutas da reunião. A decisão surge como um seguro "contra quaisquer riscos oriundos destas questões e "promover um regresso mais rápido da inflação" para o objetivo de 2%, acrescenta o documento, citado pela Bloomberg.

 

Depois de Jerome Powell ter descrito a descida de 25 pontos base da taxa de juro nos EUA como um ajustamento, os responsáveis pela política monetária assumem que a redução faz parte de um "processo de reavaliação" do caminho da política monetária, que começou ainda em 2018.

 

"Os membros concordaram, de uma forma geral, que era importante manter as opções [em aberto] para definir o objetivo futuro" das taxas de juro. Outra questão que gerou concordância entre os membros da Fed é que "a incerteza comercial deverá continuar" a dificultar a visibilidade sobre o futuro.

 

As minutas publicadas esta quarta-feira revelam a divisão e as incertezas que pairam sobre a economia, bem ilustradas pela divergência de opiniões no seio da Fed. A maioria defendeu a descida de juros, mas houve dois responsáveis – os presidentes da Fed de Boston e do Kansas – que defenderam a manutenção do preço do dinheiro. E ainda houve quem considerasse que era preciso uma descida mais acentuada dos juros, de 50 pontos, segundo a Reserva Federal (Fed).
 

"Alguns" responsáveis da Fed mostraram-se preocupados com a inversão da curva da "yield", considerando que esta evolução "pode indicar que os agentes de mercado antecipam condições económicas mais fracas no futuro e que a Reserva Federal pode precisar em breve de reduzir os juros de forma substancial como resposta", segundo as minutas, citadas pelo Financial Times.

A curva da "yield" tem-se estreitado, um comportamento que costuma funcionar como um indicador de aproximação de uma recessão económica.

 

Houve também alguns membros que sugeriram que a Fed devia continuar com uma abordagem "flexível" e atenta aos indicadores económicos, devido "à natureza de muitos dos riscos que consideram pesar na economia e à ausência de clarividência" em relação a esses mesmos riscos. 

 

Na reunião, que decorreu nos dias 30 e 31 de julho, a Fed anunciou uma descida da taxa de juro de referência de 25 pontos base, para o intervalo entre 2 e 2,25%. Foi a primeira redução de juros nos EUA em 10 anos e, na altura, o presidente da autoridade tinha deixado o recado: Este corte não é o início de um longo ciclo de descidas.

 

Desde então, o presidente dos EUA, Donald Trump, já se pronunciou sobre os juros no país. Reiterou a sua visão de que é preciso a Fed reduzir os juros do país, mas desta vez foi mais longe, considerando que a autoridade tem de cortar o preço do dinheiro em, pelo menos, 100 pontos base, o que colocaria a taxa de juro entre 1 e 1,25%.

 

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