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Lagarde avisa que "não há evidências claras" de que inflação crítica tenha atingido o pico

Presidente do Banco Central Europeu considera que, apesar da inflação na Zona Euro ter aliviado de forma significativa em maio, ainda não é tempo de travar a subida dos juros. Christine Lagarde nota que a inflação subjacente está ainda elevada e diz que é preciso ter atenção aos preços da energia e aumentos salariais.

Reuters
01 de Junho de 2023 às 12:30
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A inflação na Zona Euro teve um forte abrandamento em maio, mas os juros deverão continuar a subir. A presidente do Banco Central Europeu (BCE) alerta que "ainda há caminho a percorrer" para controlar a inflação e que "não há ainda evidências claras" de que a inflação subjacente, considerada "crítica", já tenha atingido o pico.

Num discurso feito em Hanover no dia em que o Eurostat divulgou a estimativa rápida da inflação em maio, Christine Lagarde relembrou que as projeções da autoridade monetária apontam para que a inflação média anual chegue aos "2,1% em 2025" e não é previsível que a variação homóloga da inflação regresse à meta dos 2% "até ao segundo semestre de 2025".

"Com base nessas projeções, ainda não podemos dizer que estamos satisfeitos com as perspetivas de inflação. (...) De qualquer forma, no ambiente incerto e volátil que enfrentamos hoje, não seria sensato condicionar a política monetária apenas a projeções de médio prazo, que estão cercadas de muita incerteza", referiu.

Por isso, explicou, a inflação subjacente, que exclui as componentes mais voltáveis do índice de preços no consumidor (energia e bens alimentares), tem sido monitorizada com particular atenção pelo BCE. "A inflação subjacente refere-se à parte lenta da inflação que, quando os choques temporários desaparecerem, manter-se-á no médio prazo. Olhando para a inflação subjacente, podemos ter mais confiança de que a inflação está no caminho certo. E tem um benefício importante – a evolução da inflação subjacente pode ser observada em tempo real", disse.

Porém, disse que "não há evidências claras de que a inflação subjacente tenha atingido o pico". A estimativa rápida do Eurostat indica que a inflação total na Zona Euro aliviou de 7% para 6,1%. A inflação subjacente terá acompanhado esse decréscimo, estando a abrandar já pelo terceiro mês consecutivo, mas para o BCE ainda não é certo se a "inflação crítica" terá atingido ou não o seu valor mais elevado com a atual crise inflacionista.

De olhos postos nos preços da energia e salários

"Até o momento, todos os indicadores monitorizados pelo BCE ainda são elevados. E se assim vão manter-se dependerá principalmente do equilíbrio entre duas forças: preços de energia e salários", defendeu.

Para Christine Lagarde, a descida dos preços na energia tem sido uma boa notícia e "deve, por sua vez, limitar a capacidade das empresas em aumentar ainda mais as margens de lucro", que tem sido "um fator-chave que impulsiona as recentes pressões nos preços". "Os consumidores são menos propensos a aceitar aumentos de preços desproporcionais quando sabem que as empresas estão a poupar nas suas contas de energia", avisou.

Por outro lado, alertou que as crescentes pressões salariais estão a tornar-se também "um fator importante para a inflação". Com a perda de poder de compra dos consumidores devido à subida da inflação, a líder do BCE reconhece que os salário reais na Zona Euro ficaram cerca de 4 pontos percentuais abaixo dos níveis pré-pandémicos e que são necessários aumentos.

Mas deixa um alerta: "Um período de recuperação salarial não precisa de causar uma inflação indevidamente persistente ao longo do tempo, se os custos da crise energética forem, em última análise, partilhados de forma equilibrada entre empresas e trabalhadores. Mas, se as duas partes estiverem a tentar compensar todas as perdas reais de rendimentos, pudemos ter uma espiral negativa da inflação".
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