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Inquérito FT: BCE não deverá aumentar estímulos em 2016
A maioria das três dezenas de economistas internacionais inquiridos pelo Financial Times pensa que Mario Draghi ficará por aqui nos estímulos à economia.
Um pouco menos de metade dos 33 economistas internacionais inquiridos pelo Financial Times não antecipa qualquer reforço dos estímulos monetários pelo Banco Central Europeu (BCE) em 2016. Entre os restantes inquiridos há quem se divida entre um novo corte na taxa de depósitos e um aumento do volume de compras de activos pelo banco central mas, entre estes, vários sublinham que não é de esperar uma mudança radical nas políticas decididas em Frankfurt.
Segundo o jornal britânico, os resultados parecem indicar que nos mercados e entre os economistas que acompanham a Zona Euro há a sensação de que o BCE chegou ao limite ou próximo do limite das suas políticas de estímulo, o que contrasta com a garantia de Mario Draghi de que está preparado para avançar com estímulos sem limite se for confrontado com resultados piores que o esperado na inflação e no crescimento da região.
O BCE espera que a economia da Zona Euro cresça 1,7% no próximo ano, depois de 1,5% este ano e que a inflação, que está próxima de zero, avance para cerca de 1% em 2016.
Em Dezembro o banco central anunciou um corte na taxa de juro que cobra pelos depósitos que os bancos fazem em Frankfurt de -0,2% para -0,3%, com o objectivo de tornar mais caro o dinheiro parqueado no banco central e, dessa forma, incentivar os bancos a emprestarem à economia. Anunciou ainda que o programa de compra de activos, iniciado em Março deste ano, continuará para lá de Setembro de 2016 (data inicialmente fixada para o seu término) até Março de 2017.
O BCE, que tem comprado activos ao ritmo de 60 mil milhões de euros por mês, deverá elevar o seu balanço dos cerca de 2 biliões de euros registados em Março de 2015 para cerca de 3,4 biliões em Março de 2017.
"O BCE já embarcou numa política de estímulos mais agressiva na sua reunião de Dezembro de 2015, embora os mercados não tenham ficado completamente convencidos" do impacto dessas decisões, analisou Jean-Michel Six, economista da Standard & Poor’s, dando conta da desilusão nos mercados após os anúncios de 3 de Dezembro.
Dario Perkins, economista na Lombard Street Research, não vê o BCE a avançar com mais estímulos, "a não ser que alguma coisa corra mal na economia global", mas Jonathan Loynes, economista chefe da Capital Economics, antecipa dificuldades, nomeadamente pela divergência da política monetária entre Estados Unidos e Europa: "As subidas de juros nos EUA podem ajudar a baixar o euro, mas também podem colocar pressão em alta sobre os juros das obrigações da Zona Euro. O BCE poderá ter de aumentar o ritmo de compras de activos para evitar que isso prejudique as perspectivas de crescimento", afirmou ao Financial Times.