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Hoje é dia de Fed. Para já, juros ficam inalterados

As atenções dos investidores estão centradas no anúncio da decisão de política monetária da Reserva Federal. A manutenção da taxa de juro é dada como certa, pelo que a expectativa está nos sinais que vão ser dados por Janet Yellen.

Reuters
21 de Setembro de 2016 às 16:11
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Ainda não deverá ser desta que a Reserva Federal dos EUA vai voltar a subir juros. Depois da instituição ter agravado a sua taxa de referência no final de 2015 pela primeira vez em quase uma década, a instituição antecipou mais quatro subidas este ano. Mas, nove meses depois, ainda não concretizou nenhuma.

 

Esta quarta-feira, 21 de Setembro, a Fed deverá assim anunciar que a taxa de referência nos EUA fica inalterada num intervalo entre 0,25% e 0,50% A decisão será conhecida às 14h00 em Washington (19h00 em Lisboa), seguindo-se a conferência da presidente da Fed meia-hora depois.


Janet Yellen deverá, porém, subir o tom em relação a uma nova subida de juros no final do ano, preparando o mercado para um novo agravamento na reunião de Dezembro. Esta é a expectativa da maioria dos especialistas, com o mercado a antecipar apenas uma probabilidade de subida de juros, já hoje, de 20%.

"A comunicação do Comité Federal de Mercado Aberto deverá ser consistente com uma subida antes do final do ano, mas a mensagem deverá soar cautelosa", antecipa o Bank of America Merrill Lynch. Para o banco de investimento, Janet Yellen terá a difícil tarefa de fazer um discurso em que deixe em aberto uma mexida na taxa de juro em Dezembro, mas sempre dependente da melhoria dos indicadores económicos, de modo a tranquilizar os investidores.

Os sinais de maior robustez na economia têm sido aliás factores referidos por vários membros da Fed a favor de uma normalização das taxas. John Williams, presidente da Fed de São Francisco, afirmou, já este mês, que a economia "está em boa forma e caminha na direcção certa", juntando-se a outros membros do comité que já se tinham pronunciado sobre uma subida de juros este mês.

"Antecipamos um crescimento na segunda metade do ano que será maior do que o registado na primeira metade", disse William Dudley, presidente da Fed de Dallas, argumentando, assim, que a evolução da economia continuará favorável a uma subida. Também Yellen adiantou, em Jackson Hole, que "à luz do desempenho sólido e contínuo do mercado laboral e da nossa previsão para a actividade económica e para a inflação, acredito que o cenário de um aumento na taxa de referência reforçou-se nos últimos meses". Já Lael Brainard, membro do conselho de governadores da Fed, defendeu "prudência" antes de mexer nos juros.

Mitul Patel, responsável por taxas de juro da Henderson Global investors destaca que com o mercado laboral próximo do pleno emprego e o surgimento de algumas pressões na inflação, "um agravamento gradual na política pode ser justificado". Contudo, o gestor destaca que os indicadores de crescimento continuam anémicos, a inflação abaixo do objectivo e os restantes bancos centrais mundiais mantêm uma política de estímulos, pelo que uma  postura demasiado agressiva da Fed iria puxar muito pelo dólar. Um conjunto de condições que deverá levar a entidade a manter os juros no encontro de hoje.

Steven Bell, economista- chefe da BMO Global Asset Management, acredita que, ainda que "muitas das razões que anteriormente levaram a Fed a parar" o ciclo de normalização tenham recuado, Yellen deverá adiar uma subida de juros.

Já o BNP Paribas e o Barclays acreditam que a Fed vai agravar a sua taxa pela primeira vez em 2016. Laura Rosner, economista-sénior do BNP Paribas defende que há agora uma "janela de oportunidade para a Fed normalizar". Seja agora, ou em Dezembro, Franck Dixmier, da Allianz GI, prevê um ciclo de normalização com "subidas graduais e moderadas", o que não impedirá, porém, uma primeira reacção negativa nos mercados. Um discurso mais agressivo, ou uma subida inesperada, deverá colocar os activos de risco sob pressão.

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