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FMI e bancos centrais saem em defesa da Fed depois de Trump lhe chamar “louca”

Christine Lagarde e Mark Carney estão entre os responsáveis que já vieram defender publicamente a Fed e o seu líder, Jerome Powell, depois de Trump ter dito que a Reserva Federal "ficou louca", aumentando os receios em torno da independência do banco central.

EPA
11 de Outubro de 2018 às 11:36
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Vários responsáveis de bancos centrais, instituições financeiras e até do Fundo Monetário Internacional (FMI) saíram em defesa da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) e da sua independência, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter endurecido as suas críticas à autoridade monetária, a quem atribui a responsabilidade pela razia nos mercados accionistas.

No final do dia de ontem, depois do maior sell-off nas acções americanas desde Fevereiro, Trump apontou armas à Reserva Federal e disse que a culpa deste movimento nos mercados não é a guerra comercial com a China, mas sim a subida dos juros pela Fed que, a seu ver, "ficou louca".

"A Fed está a cometer um erro. Eles são tão tacanhos. Penso que a Fed ficou louca", declarou Trump, aos jornalistas na Pensilvânia, referindo-se à subida gradual dos juros por parte da autoridade monetária que, este ano, já decretou três aumentos.

As palavras do presidente dos Estados Unidos não foram bem recebidas, a nível internacional, e estão a aumentar os receios em torno da independência do maior banco central do mundo, liderado desde Fevereiro por Jerome Powell.

"Os reguladores têm de ter espaço para agir de forma independente sem uma interferência política contínua", afirmou Lesetja Kganyago, governador do banco central da África do Sul, nas reuniões anuais do FMI em Bali.

Referindo-se a Powell, o governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, afirmou que se trata "de um indivíduo que compreende realmente o funcionamento dos sistemas financeiros dos Estados Unidos e globais".

"É uma vantagem incrível para o sistema, numa altura em que o sistema está a mudar, ter alguém naquela posição com o seu nível de conhecimento", acrescentou.

Não associaria Powell a "loucura", diz Lagarde

A directora do FMI, Christine Lagarde, também se juntou ao coro de vozes em defesa do líder da Fed, dizendo que "não associaria Powell a loucura".

Powell e os membros da sua equipa são "extremamente sérios, sólidos e certamente empenhados em basear as suas decisões na informação de que dispõem, e em comunicá-las adequadamente. Foi o que eu observei", afirmou a responsável.

À CNBC, Jose Vinals, chairman do Standard Chartered, sublinhou a importância da independência do banco central, caracterizando-a como "uma das maiores conquistas dos últimos 25 anos".

"Preservar a credibilidade dos bancos centrais e manter a sua independência intacta é um bem público muito importante, e é uma coisa que tem de ser cuidada, em particular pelos líderes políticos", apontou Vinals.

Já Axel Weber, actual chairman do UBS que liderou o banco central da Alemanha, defendeu que o ritmo de subida dos juros nos Estados Unidos é o correcto. "A quantidade de subidas de juros que eles anteciparam, talvez mais uma este ano e três no próximo, parece correcta para um antigo banqueiro central como eu", referiu, citado pela CNBC.

Esta não foi, porém, a primeira vez que Trump falou publicamente sobre as decisões de política monetária da Fed, para criticar a actuação do banco central. Ontem, antes das acusações de "loucura", o presidente dos EUA já havia dito que não gostava de juros altos e que a Fed devia ir mais devagar.

"Não gosto", disse o presidente dos EUA em declarações proferidas na Casa Branca. "Penso que não temos de ir tão rápido", apontou, citado pela Bloomberg.

 

"Gosto de taxas de juro baixas", assinalou Trump, destacando que a inflação está controlada, pelo que não percebe por que razão "é necessário ir tão rápido na subida das taxas de juro".

 

Em Setembro, depois de o banco central dos EUA ter decidido mais uma vez aumentar os juros, Trump disse estar preocupado com o facto de parecer "que eles gostam de subir os juros", e a verdade é que "podíamos estar a fazer outras coisas com o dinheiro".

 

Depois de ter já decretado três aumentos dos juros em 2018, para o actual intervalo entre 2% e 2,25%, o mercado acredita que a Fed possa anunciar uma quarta subida até ao final do ano em curso, convicção reforçada pelos dados económicos que confirmam melhorias ao nível do mercado laboral e da inflação. 

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