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Fed volta à carga e avança com QE ilimitado para amparar economia dos EUA
Na sua segunda ronda de estímulos económicos, a Reserva Federal dos Estados Unidos anunciou um pacote ilimitado de compras de dívida governamental e corporativa. Este novo apoio não tem qualquer prazo de duração nem de volume.
"Devem ser tomados esforços agressivos nos setores público e privado para limitar as perdas de emprego e promover uma rápida recuperação quando esta interrupção terminar", pode ler-se no comunicado divulgado hoje pelo banco central, que adiantou que o banco central "irá usar todas as ferramentas para dar apoio ao fluxo de crédito para as famílias e empresas norte-americanas".
Agora, com este novo programa que inclui apoios a empresas, famílias e governos locais, a instituição garante que não vai olhar a números e garante comprar títulos de dívida "no valor necessário para apoiar o bom funcionamento do mercado". Powell abre assim um novo capítulo no livro dos estímulos monetários com a flexibilização total do valor a gastar para suportar a economia local.
Para já, o único montante estabelecido estará incluído num programa conjunto avaliado em 300 mil milhões de dólares no total para suportar a fluidez do crédito a consumidores e empresas norte-americanas. Dentro deste mega pacote estão incluídos 30 mil milhões de dólares garantidos pelo Departamento do Tesouro, através do Exchange Stabilization Fund (ESF).
Para isso a Fed anuncia duas unidades que darão suporte à flexibilização do crédito para grande empregadores. A Primary Market Corporate Credit Facility (PMCCF) para novas emissões de dívida e a Secondary Market Corporate Credit Facility (SMCCF) para fornecer liquidez às obrigações corporativas atualmente em circulação. A estes dois mecanismos junta-se um terceiro, o Term Asset-Backed Securities Loan Facility (TALF) para suportar o direcionamento do crédito para consumidores e empresas.
Os mercados reagiram de imediato a este anúncio da Fed. Na Europa, as quedas foram aliviadas e os futuros dos índices em Wall Street reverteram para valorizações.
Os bancos centrais em todo o mundo têm feito um esforço para tentar conter o impacto económico que a covid-19 está a ter no seio das empresas e das famílias. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, na semana passada, um cheque de 750 mil milhões de euros em estímulos, numa altura em que o receio de uma recessão económica a nível global volta a bater à porta.
Todos os maiores bancos de Wall Street apontam para que esse cenário aconteça nos Estados Unidos, a maior economia do mundo. Os economistas do Morgan Stanley são os mais pessimistas e estão a antecipar uma queda de 30% no PIB (produto interno bruto) norte-americano para o segundo trimestre desde ano. O Goldman Sachs anteviu uma queda de 24% do PIB entre abril e junho deste ano e apontou para uma queda de 1% da economia norte-americana para o final do ano.