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Fed reviu em alta perspetivas para a inflação e sinalizou flexibilidade no ritmo do "tapering"
As atas da última reunião da Reserva Federal norte-americana revelam que o banco central reviu em alta o panorama para a inflação e que os seus membros frisaram o carácter flexível do ritmo da retirada de estímulos à economia.
Na sua última reunião de política monetária, realizada nos dias 2 e 3 de novembro, Reserva Federal norte-americana, liderada por Jerome Powell, anunciou o que tanto se esperava: o timing do "tapering". Começa em finais deste mês, com reduções mensais de 15 mil milhões de dólares na compra de ativos. Agora, nas atas dessa reunião revelam que os membros da Fed sublinharam o carácter flexível dessa retirada gradual dos estímulos à economia. E o "outlook" para a inflação foi revisto em alta.
As bolsas em Wall Street inverteram para a baixa, com as tecnológicas a serem as que mais pressionam, devido a esta flexibilidade aludida pelos membros da Fed relativamente à redução da compra de ativos.
Segundo as atas, os membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) da Fed não só falaram nesta necessidade de flexibilidade no ritmo do "tapering" mas também no timing da subida das taxas diretoras.
Recorde-se que, no âmbito dos estímulos à economia em período pandémico, a Fed tem mantido um ritmo de compra de ativos equivalente a 120 mil milhões de dólares por mês. Estes montantes repartem-se, mensalmente, por 80 mil milhões de dólares em Obrigações do Tesouro (OT) e 40 mil milhões em títulos garantidos por hipotecas.
No início novembro, especificou então o calendário para a moderação no ritmo dessas compras, com início dentro de dias, que passa por reduções mensais de 15 mil milhões de dólares na compra de ativos.
Depois das reduções de 30 mil milhões de dólares até ao final do ano – repartidas por novembro e dezembro –, os responsáveis da Fed consideram que, o apropriado talvez fosse prosseguir com as reduções na ordem dos 15 mil milhões mensais" em 2022, até à conclusão deste programa (a ser assim, terminaria em sete meses).
No entanto, a Fed referiu, no final da reunião de 2 e 3 de novembro, estar preparada para ajustar o ritmo do "tapering", caso o panorama económico dos EUA assim o justifique. E agora as atas confirmam que esse é um cenário que está mesmo em cima da mesa.
Esta redução de 15 mil milhões de dólares nas compras mensais de ativos reparte-se por 10 mil milhões no caso das OT e 5 mil milhões no que diz respeito aos títulos endossados a hipotecas.
"Os participantes sublinharam que manter a flexibilidade na implementação dos ajustamentos adequados da política monetária, com base em considerações de gestão de risco, deve ser um princípio orientador na condução da sua política", dizem as atas hoje divulgadas.
E prossegue: "vários participantes frisaram que o FOMC deve estar preparado para ajustar o ritmo das compras de ativos e para elevar a taxa dos fundos federais mais cedo do que o atualmente antecipado se a inflação continuar a subir acima de níveis consistentes com o objetivo do Comité".
Recorde-se que, na última reunião, a Fed decidiu não mexer nos juros diretores, mantendo assim a taxa dos fundos federais entre os 0% e os 0,25%.
Desde então, a inflação deteriorou-se. Os últimos números divulgados, a 10 de novembro, mostram que os preços no consumidor dispararam 6,2% em outubro, em ritmo anualizado, naquela que é a mais alta taxa de inflação desde 1990.
Estes dados levaram alguns responsáveis da Fed a dizer que talvez seja apropriado debater uma aceleração do "tapering" na próxima reunião, a 14 e 15 de dezembro.
Os membros do FOMC disseram, segundo as atas da última reunião, que "anteveem que as significativas pressões inflacionistas durem mais do que pensavam", mas continuam a antecipar que a taxa de inflação possa descer de forma substancial durante o ano de 2022, à medida que os desequilíbrios entre a oferta e a procura forem diminuindo.
(notícia atualizada às 20:14)