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Envelhecimento populacional provocará juros mais elevados, diz estudo

Um novo estudo defende que o envelhecimento da população vai contribuir para uma subida de juros, contrariando análises da Fed.

Bloomberg
13 de Agosto de 2017 às 15:00
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O envelhecimento populacional na China e na Europa deverá transformar a economia mundial, provocando um aumento nas taxas de juro que pode preparar o cenário para uma disputa entre velhos e jovens.

 

É o que dizem Charles Goodhart e Manoj Pradhan, que pintam um quadro abrangente do panorama económico futuro em um novo artigo publicado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).

 

No artigo, o professor da London School of Economics e o ex-economista do Morgan Stanley rejeitam a visão popular de que o envelhecimento populacional diminuirá o crescimento e derrubará os juros. O estudo contrasta com os modelos citados pela Reserva Federal, que projectam que os juros reais ajustados à inflação estarão intrinsecamente ligados ao crescimento potencial.

 

"Já passámos pelo ponto demográfico ideal, e tanto a taxa de juros real de equilíbrio como a inflação provavelmente já pararam de cair", escreveram Goodhart e Pradhan. "Os problemas futuros agora podem intensificar-se com a deterioração da estrutura demográfica e com a redução do crescimento, e há pouca tolerância para uma grande inflação."

 

As três décadas de procura por novos trabalhadores da Ásia e de outros mercados emergentes ampliaram os retornos dos investidores em títulos graças ao crescimento fraco dos preços, criando um ponto ideal para os donos do capital que agora está a ser revertido, defendem os autores.

 

Mas as tendências demográficas deverão ser a força motriz do preço da mão-de-obra e do capital nas grandes economias, e o envelhecimento da população, por sua vez, consumirá as taxas de poupança e compensará a redução correspondente do investimento, que tende a cair quando a procura é menor.

 

Essa dinâmica deverá estimular um aumento do custo efectivo do capital, ou do juro real, estimam os autores, rejeitando a visão dos analistas da Fed de que o juro real permanecerá baixo durante um crescimento potencial fraco.

 

Uma das principais razões para a crença de Goodhart e Pradhan de que os trabalhadores ajustarão as suas taxas de poupança enquanto ainda estiverem no mercado de trabalho, ancorando assim os juros, é a projecção de que os benefícios sociais continuarão a existir nas economias avançadas. Isso diminuiria o incentivo para os trabalhadores aumentarem as suas poupanças e estimularia uma rápida "dissolução" de reforma.

 

Não faltam contrapontos para essa visão, como a necessidade persistente de "activos seguros" por parte das famílias, o que aumenta a procura por dívidas com classificação alta e limita os rendimentos. Enquanto isso, o poder de compra dos consumidores reformados não garantirá se os jovens começarem a contra-atacar, e as inovações tecnológicas poderão dar uma nova forma ao panorama da produtividade e dos juros.

 

Os autores reconhecem a validade de alguns destes contrapontos, mas argumentam que os dados demográficos são consistentemente mais poderosos do que a projecção dos modelos típicos.

 

À medida que mais empresas presentearem os proverbiais relógios de reforma a um número crescente de trabalhadores, os mercados de trabalho mais apertados também deverão elevar os salários, ajudando a reduzir a desigualdade em todas as economias avançadas no processo, dizem. Enquanto as taxas de poupança mundiais diminuem, a contagem regressiva da bomba-relógio da dívida avança, concluem.

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