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Draghi vai reinvestir 130 mil milhões de euros nos próximos 12 meses

À medida que o volume de compras mensais vai diminuindo e o balanço do BCE atinge um recorde de 4,3 mil biliões de euros, ganha importância o volume de reinvestimentos na maturidade que, em média, chegarão aos 10 mil milhões de euros.

07 de Novembro de 2017 às 22:57
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Nos próximos 12 meses o BCE deverá reinvestir cerca de 130 mil milhões de euros em activos, dos quais 101,5 mil milhões serão dívida pública. Este é pelo menos o valor dos títulos que vencem até Outubro do próximo ano, e que o BCE promete refinanciar na maturidade, ou nos dois meses seguintes, de acordo com as regras do seu programa de compras de alargada de títulos.

Estes montantes correspondem a compras médias mensais de 10,8 mil milhões de euros, dos quais 8,5 mil milhões em dívida pública, que se juntam às compras regulares mensais, de 60 mil milhões de euros em Novembro e Dezembro deste ano, e que passarão a 30 mil milhões de euros mensais a partir de Janeiro e até Setembro de 2018. Uma importante diferença dos reinvestimentos face às compras regulares do BCE, é que terão um padrão muito irregular, uma vez que as amortizações se concentram em Abril, Junho, Julho e Outubro de 2018.

"Embora os números sugiram um apoio ligeiramente mais pequeno do que o esperado, não vemos sinais de desapontamento na reacção mais imediata: o momento nas taxas continua optimista por agora", comentou Ciaran O’Hagan, economista na Société Générale, numa nota a clientes, na qual também destaca os desafios causados pela irregularidade das amortizações. "Há variações mensais enormes nos reinvestimentos. Em alguns meses, como Dezembro ou Agosto, veremos menos de mil milhões de euros reinvestidos, enquanto em Abril ou Outubro podemos chegar a 21 ou 22 mil milhões de euros", escreve o economista, acrescentando que "os grandes reinvestimentos tornarão a oferta líquida de dívida muito apertada nestes meses".

Para Portugal, no próximo ano a Société Générale só antecipa a amortização de 400 milhões de euros de dívida portuguesa em Janeiro de 2018.

Reinvestimentos ganham importância

Embora esteja a reinvestir o dinheiro dos títulos que chegam à maturidade  desde o início do programa de "quantitative easing" em 2015, o BCE divulgou agora pela primeira vez dados sobre estas operações, e passará a fazê-lo mensalmente. A decisão anunciada por Mario Draghi no final de Outubro traduz a maior importância que os reinvestimentos ganham à medida que o ritmo de crescimento do balanço do banco central vai abrandando.

Segundo dados divulgados também esta semana, o seu balanço já atingiu os 4,4 biliões de euros, nos quais se incluem 2,3 biliões de euros de títulos detidos para fins de política monetária. Além da eventual subida de juros, uma das principais decisões sobre o futuro da orientação monetária na Europa após o fim das compras será o que fazer com este balanço: mantê-lo, ou começar a diminuir a sua dimensão.

Por enquanto, o BCE garante que irá manter os reinvestimentos "por um longo período de tempo após o fim das compras líquidas", que se prolongará pelo menos até Setembro do próximo ano (ao ritmo de 30 mil milhões de euros por mês). A presença do banco nos mercados explica o valor recorde de dividendos que os bancos centrais, incluindo o português, estão a pagar aos respectivos soberanos, aliviando-lhes a restrição orçamental. Esse tem sido aliás um dos pontos polémicos em Portugal, com os críticos do Governo a dizerem que Mário Centeno depende em excesso dessa ajuda para reduzir o défice orçamental.

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