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Draghi: BCE detalhará programa de financiamento da banca nas próximas reuniões

Draghi remeteu para mais tarde decisões sobre o terceiro programa de financiamento para a banca europeia. A expectativa do BCE é que a medida ajude a contrariar a desaceleração da economia.

Reuters
10 de Abril de 2019 às 15:08
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A reunião desta quarta-feira, 10 de abril, não serviu para tomar decisões, mas para reavaliar a situação económica da Zona Euro. Os detalhes do terceiro programa de financiamento da banca europeia (TLTRO) só chegarão numa das próximas reuniões do Banco Central Europeu (BCE). Para mais tarde fica também a avaliação do efeito potencialmente negativo dos juros na rentabilidade dos bancos, o que poderá vir a ser "compensado" pelo banco central.

Depois de um curto comunicado sobre a reunião do conselho de governadores, o presidente do Banco Central Europeu deu mais alguns pormenores sobre as discussões na conferência de imprensa. Mário Draghi afirmou que "os detalhes dos termos precisos da nova série de refinanciamento de prazo alargado direcionada (TLTRO) serão comunicados numa das próximas reuniões". 
A decisão sobre as condições desse terceiro programa só acontecerá mais tarde uma vez que o banco central diz precisar de mais informação. Há dois fatores a ter em conta: como está a política monetária a ser transmitida através dos bancos e quais serão os próximos desenvolvimentos da economia europeia. Essenciais para essa avaliação serão os dados do PIB do primeiro trimestre e as novas projeções macroeconómicas da equipa do BCE a divulgar na reunião de junho. 

O mesmo aplica-se à possível mitigação do efeito negativo da política acomodatícia na rentabilidade da banca europeia. "Também vamos considerar se a preservação das implicações favoráveis dos juros negativos na economia requer uma mitigação do seu possível efeito secundário, se o houver, na intermediação bancária", explicou Draghi aos jornalistas, referindo que cada banco é um caso. A nível agregado, segundo o BCE, a rentabilidade da banca europeia está em linha com a do Japão, é maior que a do Reino Unido, mas é mais baixa que a dos EUA. 

Mais à frente, o presidente do BCE fez questão de dizer que durante anos houve juros negativos e não houve medidas para mitigar este efeito, sugerindo que esta não é uma situação extraordinária de 2019. Contudo, disse também que "é demasiado cedo" para saber como avançam os TLTRO ou se a mitigação vai concretizar-se. Para já, o único consenso que existem dentro do conselho de governadores é que é necessário analisar mais o tema. 

Segundo os investidores consultados pela Bloomberg, a expectativa é que o BCE possa vir a pagar aos bancos através dos TLTRO para que estes emprestem e, assim, estimulem a economia nesta fase de desaceleração. Apesar da travagem e de os riscos serem negativos, Mario Draghi travou o pior cenário: "A probabilidade de recessão na Zona Euro é baixa", reiterou na reunião em que deixou tudo inalterado face à de março.

"Bancos centrais não interferem no debate político"
Questionado sobre se o Banco Central Europeu poderia ter um papel de explicar o projeto europeu agora que se aproximam as eleições, Mario Draghi quis distanciar-se dessa discussão, afirmando que "os bancos centrais não interferem no debate político". Para o presidente do BCE a sua missão, no máximo, passa por defender a estrutura europeia e apontar caminhos para a sua melhoria. 

Exemplo disso é que, questionado sobre o significado das decisões do BCE para os cidadãos comuns, explicou como o banco central determina, em termos simples, "o quão barato ou caro é pedir dinheiro emprestado". Nas condições atuais é "mais fácil" pedir um empréstimo, tanto para os cidadãos como para as empresas, o que "cria empregos, faz aumentar os salários e os preços dos bens e serviços". 
Apesar da linha que traçou entre a política e o banco central, Draghi não se inibiu de comentar a mais recente ameaça dos EUA de impor tarifas no montante de 11 mil milhões de euros em bens europeus por causa dos alegados subsídios dados à Airbus, a fabricante francesa de aviões. "Entre as palavras e as ações há uma grande diferença", relembrou, admitindo, no entanto, que o protecionismo e as tensões comerciais são dois dos riscos assinalados pelo banco central na sua análise macroeconómica. 

Quanto ao Brexit, Mario Draghi disse que ainda está "esperançoso" de que haja uma saída mais controlada do Reino Unido de forma a que o impacto nos Estados-membros não seja disruptivo. Já a revisão em baixa do crescimento em Itália para 0,1% "não foi uma surpresa" para o italiano que, ainda assim, deixa um conselho ao Governo do seu país natal: estimulem a economia e a criação de emprego sem aumentar os juros da dívida pública uma vez que isso terá um efeito contracionista.

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