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De onde vêm os lucros do BCE?

Ser a instituição monetária da Zona Euro: esse é o papel do Banco Central Europeu, que controla também a supervisão bancária na Zona Euro, entre outras funções. Mas o banco liderado por Mario Draghi registou um aumento dos lucros em 2015. Como assim lucros?

Reuters
19 de Fevereiro de 2016 às 09:00
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O Banco Central Europeu (BCE) registou uma subida de 9,4% dos lucros em 2015. Segundo as contas anuais divulgadas na quinta-feira, 18 de Fevereiro, ascenderam a 1.082 milhões de euros, sendo que foram já distribuídos pelos bancos centrais nacionais da Zona Euro. Nos cofres do Banco de Portugal já entraram 26,8 milhões, mas foi ao Bundesbank que coube a maior fatia: 276,6 milhões. Mas de onde vêm os lucros do BCE?


Compras de activos são a maior fonte de receitas

Desde o início da crise financeira em 2008, o BCE já levou a cabo várias medidas de estímulo à economia. Entre estas, três programas de compra de "covered bonds", um de dívida soberana, um de instrumentos de dívida titularizados e outro de activos do sector público, iniciado em 2015. Um conjunto de ferramentas que, além de impulsionarem a economia, garantem uma boa parte dos lucros.

É que estes programas garantiram ao BCE cerca de 890 milhões de euros em juros, o equivalente a 36% de todo o rendimento com juros obtido pela instituição monetária. Só as ferramentas monetárias que a instituição tem actualmente em prática já renderam, por exemplo, 161 milhões de euros em 2015.

Reservas estrangeiras são fatia importante

Além dos activos denominados em euros, o BCE tem uma carteira de títulos em ienes e dólares norte-americanos. E é graças a esta última moeda que o rendimento obtido com aumentou em 2015. Passou de 217 milhões para 283 milhões de euros, graças à valorização da moeda única. Mas a instituição monetária revelam também que os próprios activos fecharam o ano em alta.

Operações no mercado rendem 214 milhões

Os programas de compra de activos do BCE pressupõem que mantenha os activos no seu balanço. Esse é o procedimento, de modo a manter condições monetárias acomodatícias. Mas a instituição também transacciona outros activos, no âmbito da sua gestão diária, como é o caso da carteira de activos estrangeiros.

Há também a negociação de swaps e de futuros de taxas de juro. Mas foi mesmo a transacção de activos denominados em dólares que mais fez aumentar os lucros com operações financeiras realizadas. Ascenderam a 214 milhões de euros muito acima dos 57 milhões registados em 2014.

Despesas com pessoal disparam

Apesar das várias fontes de receita, o BCE enfrenta também alguns gastos. Entre estes estão as despesas com pessoal que, em 2015, aumentaram 46,4% para 441 milhões de euros. Um forte agravamento que a instituição justifica com o facto de as responsabilidades de supervisão bancárias terem passado para a sua alçada.

Certo é que uma grande fatia vai para os membros do comité executivo. Os sete membros auferem um total de 1,8 milhões de euros por ano, sendo que Mario Draghi, presidente do BCE, é o mais bem pago: 385.680 euros por ano. Logo depois surge o antigo governador do Banco de Portugal e actual vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, que recebeu 330.744 euros.

Despesa com juros prejudica

Tal como no campo das receitas, nas despesas o papel principal vai para os juros. O BCE registou prejuízos de 1.019 milhões de euros em 2015, no que a esta rubrica concerne. Um valor que é, ainda assim, muito inferior ao registado em 2014, quando ascendeu a 1.319 milhões. Aqui estão incluídas, por exemplo, as responsabilidades da instituição monetária para com os bancos centrais nacionais.

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