Notícia
De Guindos: BCE quer regular banca sombra para evitar problemas
O setor financeiro não bancário ganhou importância na Zona Euro nos últimos dez anos. O Banco Central Europeu diz que é preciso regulação para prevenir abalos na estabilidade financeira.
Foi um dos recados que Mario Draghi deixou quando saiu da presidência do Banco Central Europeu (BCE): o risco na Zona Euro está na "banca sombra", o setor financeiro não bancário, o qual está fora do perímetro de supervisão do BCE. Agora o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, avisa que é preciso avançar com regulação para evitar problemas na estabilidade financeira.
"Temos de pensar em falhas potenciais no atual enquadramento regulatório. Em particular, devíamos embarcar no desenvolvimento de um enquadramento macroprudencial para o setor financeiro não bancário, o qual ainda está na infância", afirmou De Guindos, numa conferência sobre o euro em Frankfurt, argumentando que é preciso mais instrumentos que permitam assegurar que estas entidades resistem a mudanças na economia.
O tema tem ganhado importância à medida que este setor foi crescendo. Segundo De Guindos, os ativos totais do setor financeiro não bancário (os fundos de investimento, por exemplo) praticamente duplicaram nos últimos dez anos, passando de 23 biliões de euros em 2008 para 46 biliões de euros em junho de 2019.
A crescente importância destas formas de financiamento da economia leva o BCE - enquanto guardião da estabilidade financeira na Zona Euro - a querer mais regulação para "mitigar os riscos relacionados com a tomada de risco pró-cíclico e a excessiva alavancagem". Luis de Guindos considera que os instrumentos macroprudenciais poderiam aligeirar o potencial efeito de ampliação do setor financeiro não bancário tanto na subida como na descida do valor dos ativos financeiros.
"Claro que não podemos ter uma estratégia de 'uma solução única para todas' [as entidades] não bancárias", alerta De Guindos, assinalando que é necessário ter em conta as diferenças na estrutura do balanço e os modelos de negócio quando for desenhado um enquadramento macroprudencial. Contudo, "o tamanho crescente das instituições financeiras não bancárias, a sua maior importância no financiamento da economia real e a sua interligação com o resto do sistema [financeiro] realçam a importância do desenvolvimento de um enquadramento macroprudencial sólido para este setor", avisa.
O lado positivo e negativo
O maior peso deste setor na Zona Euro é positivo na perspetiva da estabilidade financeira, segundo De Guindos, porque ajuda a "diversificar as fontes de financiamento" da economia. Por exemplo, o setor financeiro não bancário já detém metade das obrigações emitidas por empresas europeias, enquanto os bancos têm 7% dessas obrigações. No caso dos fundos de pensões, esse financiamento é uma das "fontes mais estáveis de financiamento a longo-prazo", considera o vice-presidente do BCE.
No entanto, tal como os bancos, este tipo de instituições financeiras também podem enfrentar dificuldades perante uma crise. Desde já, também a sua rentabilidade está a ser condicionada pelas baixas taxas de juro dado que detêm obrigações com "yields" reduzidas. Para compensar tendem a apostar em ativos com maior risco e menor liquidez, o que até pode ser "um resultado pretendido pela política monetária acomodatícia".
Contudo, "esta tendência também tem um lado negativo uma vez que contribui para aumentar os riscos e as vulnerabilidades dos balanços das instituições não bancárias". Um dos principais riscos é de falta de liquidez num evento de retirada de capital em larga escala, diz De Guindos, dando como exemplo fundos de investimento que estiveram sob stress durante o último ano e meio. "Todos estes fundos tinham grandes discrepâncias de liquidez nos seus balanços uma vez que investiram em ativos ilíquidos mas ofereciam [a possibilidade de] resgates diários", alerta.
"Temos de pensar em falhas potenciais no atual enquadramento regulatório. Em particular, devíamos embarcar no desenvolvimento de um enquadramento macroprudencial para o setor financeiro não bancário, o qual ainda está na infância", afirmou De Guindos, numa conferência sobre o euro em Frankfurt, argumentando que é preciso mais instrumentos que permitam assegurar que estas entidades resistem a mudanças na economia.
A crescente importância destas formas de financiamento da economia leva o BCE - enquanto guardião da estabilidade financeira na Zona Euro - a querer mais regulação para "mitigar os riscos relacionados com a tomada de risco pró-cíclico e a excessiva alavancagem". Luis de Guindos considera que os instrumentos macroprudenciais poderiam aligeirar o potencial efeito de ampliação do setor financeiro não bancário tanto na subida como na descida do valor dos ativos financeiros.
"Claro que não podemos ter uma estratégia de 'uma solução única para todas' [as entidades] não bancárias", alerta De Guindos, assinalando que é necessário ter em conta as diferenças na estrutura do balanço e os modelos de negócio quando for desenhado um enquadramento macroprudencial. Contudo, "o tamanho crescente das instituições financeiras não bancárias, a sua maior importância no financiamento da economia real e a sua interligação com o resto do sistema [financeiro] realçam a importância do desenvolvimento de um enquadramento macroprudencial sólido para este setor", avisa.
O lado positivo e negativo
O maior peso deste setor na Zona Euro é positivo na perspetiva da estabilidade financeira, segundo De Guindos, porque ajuda a "diversificar as fontes de financiamento" da economia. Por exemplo, o setor financeiro não bancário já detém metade das obrigações emitidas por empresas europeias, enquanto os bancos têm 7% dessas obrigações. No caso dos fundos de pensões, esse financiamento é uma das "fontes mais estáveis de financiamento a longo-prazo", considera o vice-presidente do BCE.
No entanto, tal como os bancos, este tipo de instituições financeiras também podem enfrentar dificuldades perante uma crise. Desde já, também a sua rentabilidade está a ser condicionada pelas baixas taxas de juro dado que detêm obrigações com "yields" reduzidas. Para compensar tendem a apostar em ativos com maior risco e menor liquidez, o que até pode ser "um resultado pretendido pela política monetária acomodatícia".
Contudo, "esta tendência também tem um lado negativo uma vez que contribui para aumentar os riscos e as vulnerabilidades dos balanços das instituições não bancárias". Um dos principais riscos é de falta de liquidez num evento de retirada de capital em larga escala, diz De Guindos, dando como exemplo fundos de investimento que estiveram sob stress durante o último ano e meio. "Todos estes fundos tinham grandes discrepâncias de liquidez nos seus balanços uma vez que investiram em ativos ilíquidos mas ofereciam [a possibilidade de] resgates diários", alerta.