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Centeno diz que BCE tem de ser "cauteloso". É "cedo" para declarar vitória

O governador do Banco de Portugal está em Jackson Hole, onde arranca esta quinta-feira e decorre até sábado o simpósio económico da Reserva Federal dos EUA.

Tiago Sousa Dias
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O Banco Central Europeu (BCE) só vai decidir se volta a subir as taxas de juros em setembro com os dados económicos que serão conhecidos até à próxima reunião de política monetária, mas é preciso ter "cautela" no ajustamento de medidas de combate à inflação, defende o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, numa entrevista à Bloomberg TV a partir de Jackson Hole.

"Estamos focados nos números da economia e da inflação. Temos de ser cautelosos desta vez. Os riscos que tínhamos identificado em junho materializaram-se. É algo novo neste processo de retoma porque vínhamos a ser surpreendidos pela positiva", alertou Centeno, que é um dos 20 governadores que, em conjunto com seis membros executivos, decidem a política monetária na Zona Euro.

O BCE concretizou em junho a nona subida consecutiva nas três taxas de juro de referência (num total de 425 pontos base) para tentar travar a inflação. Na altura, a autoridade monetária liderada por Christine Lagarde não se quis comprometer com setembro, sublinhando que as decisões do conselho de governadores dependem dos dados económicos que vão sendo conhecidos.

A posição é agora é reafirmada por Centeno: "Temos estado dependentes dos dados nas nossas decisões. Ainda há muitos dados para serem conhecidos e novas projeções macroeconómicas. Decidiremos em setembro a esse respeito", respondeu o governador do Banco de Portugal quando questionado sobre a sua posição em relação a uma pausa no ciclo de subidas.

Os indicadores avançados da economia da moeda única conhecidos esta quarta-feira dificultam a tarefa do BCE. O índice compósito de produção (PMI) para a Zona Euro atingiu, em agosto, uma leitura de 47,0 o valor mais baixo em 33 meses, ou seja, desde novembro de 2020. Um registo inferior a 50 significa que a atividade está abaixo da barreira que indica um movimento de expansão económica, segundo a análise publicada pela S&P/Hamburg Commercial Bank.

"São precisamente esses riscos que se materializaram", apontou Centeno. "A inflação tem vindo a cair, temos tido sucesso, mas é demasiado cedo para dizer que está concluído", sublinhou, acrescentando: "Temos de continuar a fazer o nosso trabalho".

Problemas na China resultado de políticas passadas

Questionado sobre se os recentes problemas detetados na segunda maior economia mundial podem prejudicar o crescimento da Zona Euro, o governador do Banco de Portugal comparou as políticas monetária e orçamental entre os dois blocos para concluir que os países da moeda única conseguiram estabilizar a economia, o que não aconteceu com a China.


"A experiência da China é um exemplo de como a política monetária e as políticas económicas em geral devem ter um elemento estabilizador", começou por referir, acrescentando que "o processo de deflação na China é um sintoma das decisões que foram tomadas pelas autoridades chinesas ao não darem estabilidade à economia ao longo dos últimos anos, muito difíceis."


E sublinhou que desta vez é diferente. "É uma coisa nova. Não estávamos habituados", afirmou. "Desta vez a Europa não está a ser apontada como uma fonte de problemas globalmente", porque as decisões de política monetária e orçamental agora foram diferentes.


(Notícia atualizada às 16:20)
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