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Centeno apela a redução rápida das taxas de juro

O governador do Banco de Portugal diz que é essencial uma resposta célere da política monetária do BCE para que a economia da Zona Euro não seja prejudicada, através da "redução gradual, estável e previsível" das taxas para o nível neutral.

Rodrigo Antunes/Lusa
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Agora que a inflação homóloga da Zona Euro está perto da meta do BCE de 2%, Mário Centeno faz um apelo a que as taxas de juro sejam reduzidas rapidamente, sob pena de a política monetária poder prejudicar o desempenho económico do bloco da moeda única.      

"Uma política monetária que se mantém restrita por demasiado tempo arrisca levar a que a inflação fique abaixo do alvo. A rapidez é essencial. O estado atual da política monetária, juntamente com as condições prevalecentes dos preços e mercado de trabalho, requerem uma resposta do BCE: uma redução das taxas de juro", escreve o governador do Banco de Portugal (BdP) num relatório sobre a trajetória da inflação.       

No documento, intitulado "É a economia", Centeno escreve que "alcançar um melhor equilíbrio com um rumo de transição estável exige uma redução gradual, estável e previsível das taxas de juro para o nível neutral [que não estimula nem trava o crescimento], juntamente com melhorias no panorama institucional e nas condições orçamentais", de forma a "fomentar a confiança entre investidores e consumidores".

Centeno sublinha que o fraco desempenho da Zona Euro está exposto a vários riscos, com origem em três pontos: a resiliência do mercado pode falhar; a China e o comércio global podem exercer pressões deflacionistas; e o consumo, que esteve por detrás da recuperação, pode não crescer como o esperado.

"A materialização destes riscos vai complicar a estabilização nos 2% e prejudicar a recuperação económica", refere Centeno. "Alcançar o alvo da inflação e executar uma aterragem suave [reduzir a inflação sem causar uma recessão] foram possíveis por causa do terreno preparado antes da pandemia. Desta feita foi diferente: estávamos preparados", assinala, acrescentando que "respostas coordenadas e estabilizadoras foram implementadas".

Contudo, no relatório, publicado esta quarta-feira no site do BdP, Centeno assinala que existe agora um novo risco: "ficar aquém do alvo da inflação, o que pode travar o crescimento económico. Menos empregos e uma redução do investimento somar-se-iam ao rácio de sacrifício já suportado. Uma economia lenta reforçaria, num ciclo vicioso, uma inflação aquém da meta". 

A inflação homóloga da Zona Euro situou-se nos 1,8% em setembro, ficando abaixo da meta do BCE pela primeira vez em mais de três anos, de acordo com a estimativa rápida do Eurostat publicada na terça-feira. A leitura levou a que tenham surgido apelos a que o BCE volte a cortar as taxas já na reunião deste mês, depois da redução implementada em setembro.                

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