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BCE passará a reunir de seis em seis semanas
Banco central aproxima-se da Reserva Federal norte-americana no intervalo entre reuniões e também passará a divulgar as minutas dos encontros de governadores onde são tomadas as decisões sobre política monetária.
A partir de Janeiro o Banco Central Europeu (BCE) passará a reunir de seis em seis semanas, e não uma vez por mês como faz agora. Além disso, e também à semelhança do que faz a Reserva Federal norte-americana, o banco central divulgará minutas das reuniões sobre política monetária, embora os governadores ainda não tenham definido que informação publicarão, nomeadamente se explicitarão o sentido de voto de cada um.
Mario Draghi justificou a alteração com a intenção de aliviar a expectativa nos mercados de que o BCE possa apresentar decisões relevantes de política monetária todos os meses, ao sabor das suas reuniões regulares, o que não se justifica.
"A actual situação é muito mais complexa do que há uns anos e a expectativa correcta nos mercados e na opinião pública é a de que nós actuemos (...) Essa expectativa é reproduzida todos os meses, mas o BCE não pode e não deve actuar em cada mês", afirmou o presidente do banco central, salientando que o carácter mensal das reuniões "produz uma reacção nos mercados que se pode auto-realizar" e que não é desejável.
Draghi reforçou: "o nosso trabalho não está feito, longe disso, mas a questão é saber se deve existir uma expectativa de actuação a cada mês" explicou, respondendo que na opinião dos governadores tal não faz sentido: "as nossas avaliações têm numa perspectiva de médio e longo prazo e as nossas decisões não se baseiam em considerações de curto prazo", recordou.
Esta não é, no entanto, a única razão a explicar o novo intervalo entre reuniões, alinhando-as com o que já faz a Reserva Federal norte-americana (com a qual o presidente do BCE garante que não coordenará datas). É que também a partir de Janeiro, o BCE acrescentará um elemento importante aos seus instrumentos de comunicação: a publicação de minutas das reuniões alguns dias depois destas terem lugar. Este facto acrescentou um elemento logístico à decisão de alterar a data das reuniões, de forma a dar tempo para a produção e divulgação das minutas sem criar ruídos.
Pretendemos "um intervalo que permita que a publicação das minutas não gere confusão relativamente às medidas adoptadas e não gere confusão relativamente às acções que possam vir ou venham a ser tomadas no futuro", explicou Draghi. Os governadores não chegaram ainda a acordo sobre se as minutas incluirão o sentido de voto de cada um, tal como acontece nos EUA. "Demasiado cedo para responder".
Na reunião desta quinta-feira a taxa de juro de referência permaneceu em 0,15%.