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BCE preparado para “aumentar o programa de compra de activos”

“Os benefícios de uma moeda única só podem ser colhidos se tivermos políticas e instituições ao nível nacional e europeu que assegurem que funciona para todos”, alerta Mario Draghi.

8º Mario Draghi, 602 notícias - O BCE continuou este ano a ter um papel determinante no rumo dos mercados, com várias decisões relevantes a mexerem nos mercados. O presidente da autoridade monetária foi citado em mais de 600 notícias do Negócios este ano.
Reuters
06 de Fevereiro de 2017 às 15:33
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Mario Draghi realçou a recuperação da economia da Zona Euro nos últimos anos e o fortalecimento da região, mas alertou que os riscos permanecem, devido às "incertezas dentro e fora da Zona Euro". Por isso, o Banco Central Europeu (BCE) está preparado para actuar e, se considerar necessário, voltará a aumentar o programa de compra de activos, quer em montante, quer em termos de calendário.

 

"Nos últimos dois anos o PIB per capita aumentou em 3% na Zona Euro, o que compara bem com as economias mais avançadas. O sentimento económico está no nível mais elevado dos últimos cinco anos. O desemprego caiu para 9,6%, o mais baixo desde Maio de 2009. E o rácio de dívida pública face ao PIB está a diminuir pelo segundo ano consecutivo", salientou Mario Draghi no início da sua intervenção junto do Parlamento Europeu, onde está a ser ouvido esta segunda-feira, 6 de Fevereiro.

 

"Estes são passos na direcção certa. Mas são apenas os primeiros passos. Precisamos de continuar neste caminho para que o desemprego diminua mais e mais europeus possam beneficiar da recuperação".

 

E depois de fazer este enquadramento, Mario Draghi justificou a decisão do BCE de Dezembro, que passou por alargar o programa de compra de activos até ao final do ano, quando estava previsto que terminasse em Março, ainda que com uma redução do montante máximo mensal.

 

"O conselho do BCE viu a necessidade de a recuperação se fortalecer para assegurar uma convergência sustentável das taxas de inflação abaixo do nível, mas perto, de 2% no médio prazo. Para que isto aconteça, as condições financeiras têm de continuar a apoiar" esta recuperação, tendo em consideração as "incertezas dentro e fora da Zona Euro". Assim, "a nossa decisão de Dezembro" teve o intuito de encontrar o equilíbrio entre "a nossa crença crescente de que as perspectivas para que a economia da Zona Euro estão firmes e – ao mesmo tempo – a falta de sinais claros de convergência sustentável das taxas de inflação nos níveis desejados".

 

E, "tal como já tinha defendido, a nossa estratégia de política monetária recomenda que não devemos reagir a indicadores individuais", realçou, reiterando assim o que já tinha dito na última reunião do BCE, quando explicou que os alemães têm de ter paciência e esperar por uma recuperação mais forte da Zona Euro: "As taxas de juro baixas agora são necessárias para garantir taxas de juro mais elevadas no futuro. A recuperação da Europa é positiva para todos, também para a Alemanha", afirmou, acrescentando: "É preciso ter paciência. À medida que a recuperação se afirmar, as taxas de juro também subirão. Isto acontecerá para a Alemanha e para todos os outros países".

 

Draghi realçou esta segunda-feira que os riscos para a Zona Euro continuam do lado das quedas, muito devido a factores globais. E vai mais longe, reiterando que o BCE está preparado para "aumentar o programa de compra de activos em termos de tamanho ou duração", caso os desenvolvimentos o justifiquem.

 

O presidente do BCE realçou ainda que a política da autoridade tem sido "a chave no apoio da recuperação em curso". "As nossas medidas têm desempenhado um papel-chave na preservação da estabilidade na Zona Euro – e isso inclui a estabilidade financeira", sublinhou. Apesar de admitir que esta política acomodatícia representa risco potenciais para o sector financeiro, nomeadamente para a rentabilidade da banca.

 

Mario Draghi concluiu a sua intervenção realçando que, "como a crise mostrou, os benefícios de uma moeda única só podem ser colhidos se tivermos políticas e instituições ao nível nacional e europeu que assegurem que funciona para todos".

 

"A resiliência da Zona Euro em 2016, apesar de uma série de choques negativos, mostra que estamos no caminho certo." Dito isto, "não devemos parar os nossos esforços de fazer uma união monetária e económica mais resiliente e próspera." 

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