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BCE concluiu ser prematuro alterar comunicação sobre estímulos
A autoridade monetária dá mais um sinal de que não está para breve a redução do pacote de estímulos.
Alguns membros do Banco Central Europeu (BCE) pretendiam que a autoridade monetária começasse desde já a alterar a sua comunicação para preparar o mercado para o processo de redução de estímulos, mas a conclusão final apontou para que era prematuro dar já esse passo.
Estes responsáveis do BCE "expressaram a sua preferência por deixar cair" do comunicado do BCE a indicação de que a autoridade monetária estava preparada para, caso fosse necessário, reforçar o programa de compras de activos, o que representaria um sinal de "confiança reforçada na tendência da inflação". Contudo, "a conclusão apontou para que esse ajustamento era prematuro e ainda não justificado", refere a acta da reunião de 25 de Janeiro, que o BCE hoje publicou.
Assim, no comunicado que o BCE emitiu após a reunião de 25 de Janeiro continuou a constar a frase: "o Conselho do BCE está preparado para proceder a um aumento do programa de compra de activos (asset purchase programme – APP) em termos de dimensão e/ou duração".
De acordo com as actas, o BCE reiterou o compromisso de alterar a sua comunicação de forma gradual e em linha com os progressos na inflação, que apesar de em alta, persiste abaixo dos 2%.
Contudo, continuou a deixar a porta aberta para revisitar a comunicação de movimentos futuros ("forward guidance") no início de 2018, pelo que este voltará a ser um tema da reunião que a autoridade monetária realizará em Março.
O BCE tem actualmente no terreno um programa de compra de activos através do qual realiza aquisições a um ritmo mensal de 30 mil milhões de euros, até ao final de Setembro de 2018. Os analistas apontam para que o BCE opte por prolongar este programa até ao final do ano, mas com um volume mais reduzido.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento, que é a taxa de referência, está em 0%. As taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito situam-se em 0,25% e -0,40%.
Nenhuma destas taxas deverá mexer este ano e os economistas antecipam que o BCE começará em 2019 a subir a taxa dos depósitos.
Os membros do BCE "reconheceram de forma abrangente que é necessária uma estabilidade na comunicação, reforçando a confiança na trajectória da inflação".
Na reunião de Janeiro, ainda de acordo com as actas, os responsáveis do BCE mostraram preocupação que a desvalorização do dólar estivesse a ser deliberadamente alimentada pelo Governo norte-americano.
O comunicado do BCE da reunião de 25 de Janeiro (a negrito a parte que alguns responsáveis do BCE queriam eliminar)
Na reunião de hoje, o Conselho do BCE decidiu que a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão inalteradas em 0.00%, 0.25% e -0.40%, respetivamente. O Conselho do BCE espera que as taxas de juro diretoras do BCE permaneçam nos níveis atuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de ativos.
No que respeita às medidas de política monetária não convencionais, o Conselho do BCE confirma que se pretende que as compras líquidas de ativos, a um novo ritmo mensal de €30 mil milhões, prossigam até ao final de setembro de 2018, ou até mais tarde, se necessário, e, em qualquer caso, até que o Conselho do BCE considere que se verifica um ajustamento sustentado da trajetória de inflação, compatível com o seu objetivo para a inflação. Se as perspetivas passarem a ser menos favoráveis ou se as condições financeiras deixarem de ser consistentes com uma evolução no sentido de um ajustamento sustentado da trajetória de inflação, o Conselho do BCE está preparado para proceder a um aumento do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP) em termos de dimensão e/ou duração. O Eurosistema reinvestirá os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos no âmbito do APP durante um período prolongado após o termo das compras líquidas de ativos e, em qualquer caso, enquanto for necessário. Tal contribuirá tanto para condições de liquidez favoráveis como para uma orientação adequada da política monetária.