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Bancos centrais tentam manter a música a tocar depois do fim da festa

O objectivo das autoridades monetárias — reunidas em Washington nesta semana para o encontro do Fundo Monetário Internacional — é reduzir o apoio sem prejudicar a economia global e agitar os mercados financeiros que foram embalados durante anos pela abundância monetária.

12 de Outubro de 2017 às 16:03
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Os principais bancos centrais avisaram que a festa está a acabar. A Reserva Federal – que tem subido a taxa de juro desde 2015 – dá este mês mais um passo no sentido da normalização da política monetária, ao iniciar a redução do seu balanço de 4,5 biliões de dólares. Para o Banco Central Europeu, a expectativa é que apresente em breve o plano para diminuir as compras de activos. Possivelmente, o Banco de Inglaterra aumentará os juros em Novembro. O Banco do Canadá já elevou os custos de captação de financiamento.

 

O objectivo das autoridades monetárias — reunidas em Washington nesta semana para o encontro do Fundo Monetário Internacional — é reduzir o apoio sem prejudicar a economia global e agitar os mercados financeiros que foram embalados durante anos pela abundância monetária.

 

É o "fim de uma era", declarou Ray Dalio, responsável pelo maior hedge fund do mundo, na Bridgewater Associates, num relatório a clientes com data de 21 de Setembro. A economia mundial e os mercados estão "a entrar num período mais perigoso", afirmou.

 

O que aumenta a dificuldade é a incerteza sobre quem estará no comando do banco central mais poderoso do planeta. O mandato da presidente Janet Yellen termina em Fevereiro e o vice da Fed, Stanley Fischer, está prestes a deixar o cargo.

 

"Há pelo menos o risco de alguma queda nos mercados" à medida que os bancos centrais retiram o estímulo, disse Joachim Fels, conselheiro sobre a economia global da Pacific Investment Management Co. (Pimco).

 

Por agora, parece que a economia vai bem. O trimestre passado foi o melhor desde 2010 em termos da expansão global e o impulso subjacente parece forte, de acordo com relatório de economistas do JPMorgan Chase, publicado a 29 de Setembro.

 

"A sensação é que a economia global está próxima de uma virada sincronizada para cima" pela primeira vez em anos, disse David Stockton, que foi director da Fed e hoje actua no Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington.

Os bancos centrais estão em movimento embora os índices de inflação estejam abaixo de suas respectivas metas. O economista-chefe da Bloomberg Intelligence, Michael McDonough, calcula que as compras líquidas de activos pelos bancos centrais diminuirão de um ritmo mensal de 131 mi milhões de dólares em Setembro para 33 mil milhões de dólares no final de 2018.

 

Os juros também estão a subir nalguns países. A Fed e o Banco do Canadá elevaram as taxas duas vezes em 2017 e o primeiro sinalizou mais um acréscimo antes do fim do ano nos EUA.

 

Sem aperto

 

Claro que nem todos os bancos centrais estão a apertar as condições monetárias.

O Banco Popular da China mantém a taxa básica de juros no nível mais baixo da história e trabalha para diminuir a expansão do crédito sem prejudicar a economia. O Japão está longe de qualquer aperto na oferta monetária. Os juros na Austrália e na Coreia do Sul também estão em mínimos históricos.

 

"Não precisamos subir os juros somente porque estão a aumentar no exterior", disse o comandante do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, no mês passado.

 

Quem aperta as condições monetárias demonstra cautela.

 

O plano do Fed de diminuição do balanço patrimonial está se desdobrando há meses e começa com reduções de apenas 10 mil milhões de dólares por mês. Já o presidente do BCE, Mario Draghi, enfatizou que qualquer mudança será gradual e que vai garantir a permanência de suporte monetário significativo.


Tradução parcial de artigo publicado na Bloomberg a 9 de Outubro.

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