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Banco do Japão corta taxa de depósitos para -0,10%
O banco central liderado por Haruhiko Kuroda voltou a surpreender o mercado e tomou mais uma medida não-convencional para tentar travar o enfraquecimento da economia.
O Banco do Japão voltou a surpreender o mercado e cortou, esta sexta-feira, a taxa que cobra aos bancos que depositem fundos junto do banco central para -0,1%. "Na reunião de política monetária de hoje, o Conselho de Política do Banco do Japão decidiu introduzir um alívio monetário quantitativo e qualitativo com uma taxa de juro negativa para conseguir o objectivo de estabilidade dos preços de 2% no menor tempo possível", referiu o banco em comunicado.
Esta medida serve para complementar o programa de compra de activos, que inclui 610 mil milhões de euros em aquisições anuais de dívida pública, valor que foi mantido na reunião desta sexta-feira. A entidade liderada por Haruhiko Kuroda junta-se, assim, a outros bancos centrais que já adoptaram uma política de taxas de depósito negativas, como o BCE, por exemplo. Mas o Banco do Japão explicou que as actuais contas correntes dos bancos japoneses continuarão a ter uma remuneração positiva, de 0,1% e 0%, dependendo de alguns limites estabelecidos. Já o aumento do valor depositado junto do banco central implicará uma taxa de -0,1%.
O objectivo da entidade liderada por Haruhiko Kuroda é o de penalizar o excesso de reservas dos bancos que são depositadas junto do banco central de forma a estimular o crédito para tentar conter o enfraquecimento da economia nipónica. "Isto mostra claramente que o Banco do Japão quer enfraquecer o iene e aumentar o preço dos bens importados para aumentar a inflação", explicou, citado pela Bloomberg, o economista do Mizuho Bank, Daisuke Karakama.
Além da medida que surpreendeu o mercado, o Banco do Japão deixou mensagens de que as políticas não-convencionais poderão não ficar por aqui. E deu a indicação de que "cortará a taxa para território ainda mais negativo se tal for necessário. O Banco do Japão indicou ainda que, no futuro, continuará o alívio quantitativo "fazendo o uso total de possíveis medidas em três dimensões: quantidade, qualidade e taxa de juro".
A decisão do Conselho do Banco do Japão não foi unânime, já que passou com cinco votos a favor, incluindo o de Kuroda, e quatro contra. O responsável pelo banco central tinha, no entanto, rejeitado recentemente a ideia de adoptar uma política de taxas de juro negativas, que já estava a ser seguida por bancos centrais como o Banco Central Europeu (BCE).
A instituição liderada por Mario Draghi colocou a taxa de depósitos em valores negativos pela primeira vez em Junho de 2014. Em Setembro desse ano, operou um novo corte e voltaria a baixar para valores ainda mais negativos esta taxa em Dezembro do ano passado. Situa-se, actualmente, nos -0,30%.
(Notícia actualizada às 11:18 com mais detalhes sobre o plano do Banco do Japão)