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Ucrânia torna-se de novo palco de confrontos
O exército ucraniano avançou contra os rebeldes russos que controlam várias cidades no leste do país. Vladimir Putin acusa Kiev de estar a “cometer um crime de extrema gravidade”. Confrontos desta quinta-feira já terão provocado cinco mortos.
A situação na Ucrânia parece estar a reeditar os acontecimentos que até há cerca de duas semanas marcavam o dia-a-dia no diferendo que opõe Kiev a Moscovo. As autoridades de Kiev ordenaram esta terça-feira, 22 de Abril, um novo ataque “anti-terrorista” contra os rebeldes pró-russos que mantêm sob controlo nove cidades da região oriental da Ucrânia, no seguimento das mortes do último fim-de-semana.
Os confrontos desta quinta-feira na cidade bastião dos manifestantes pró-Rússia, Slavyansk, já terão resultado em pelo menos cinco mortes de elementos separatistas, referiu o próprio Ministério do Interior da Ucrânia. Assiste-se a um claro escalar da violência e dos confrontos na cidade de Mariupol resulam visões diametralmente opostas: o Governo ucraniano garante ter retomado o controlo sobre o edifício da câmara municipal e da própria cidade, enquanto os rebeldes pró-russos reclamam ter sido a seu favor o desenlace das escaramuças desta manhã.
De Moscovo surgem declarações de nova tomada de posição de força. O Presidente russo Vladimir Putin considera que o ataque decidido por Kiev consiste num “crime de extrema gravidade contra o próprio povo” o que terá, avisa, “consequências”. Mas Putin não se fica pela retórica e, segundo escreve o “The Guardian”, o exército russo já terá iniciado novas manobras de treino militar junto à fronteira com a Ucrânia.
Os Estados Unidos e a NATO demonstraram desde o início do conflito entre a Ucrânia e Moscovo, no final de Fevereiro, a oposição a qualquer incursão militar russa em terreno ucraniano. As manobras agora iniciadas parecem alinhar com a ameaça, feita esta quarta-feira por Sergey Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, de na região leste da Ucrânia se poder repetir uma intervenção militar à semelhança do que aconteceu em 2008 na região separatista da Ossétia do Sul, na Geórgia.
Os últimos acontecimentos assemelham-se ao que foi sucedendo ao longo dos últimos dois meses, o que parece deitar por terra todos os esforços encetados no Acordo de Genebra assinado na quinta-feira da semana passada. Fica para já registada uma total incapacidade de colocar em prática as medidas acordadas entre a Rússia, a Ucrânia, os Estados Unidos e a União Europeia.