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"Vivemos um momento mágico da relação entre Portugal e o Brasil"
O embaixador brasileiro em Portugal, Mário Vilalva, acredita que as relações entre os dois países atravessa um momento “mágico”, mas que é preciso dar dimensão económica a esta parceria.
Durante o almoço-debate, organizado pelo International Club of Portugal esta terça-feira, 8 de Julho, o diplomata brasileiro disse que "tem de haver um substrato económico na língua [portuguesa]". "Vivemos um momento mágico da relação entre Portugal e o Brasil. Já tivemos momentos que estivemos mais separados, mas amadurecemos e queremos resgatar a nossa identidade".
Para Mário Vilalva (na foto), o investimento, mais do que as exportações, é a principal área de aposta nas relações económicas bilaterais. O embaixador brasileiro crê que nas exportações há um desajustamento entre aquilo que é a procura de um mercado como o brasileiro, e a oferta que uma economia como a portuguesa pode dar. As trocas comerciais entre os dois países é de dois mil milhões de euros, sendo que Portugal desequilibrou recentemente a balança a seu favor.
Já no investimento isso não sucede, na opinião de Mário Vilalva, que considera que este é o campo em que as relações económicas entre os dois países se deviam intensificar.
O diplomata brasileiro diz que, até ao momento, Portugal investiu no Brasil 25 mil milhões de euros, e o Brasil investiu em Portugal três mil milhões de euros.
"Este desajustamento tem a ver com o facto de Portugal concentrar a maior parte dos seus investimentos nos países da CPLP, enquanto o Brasil tem-nos muito mais dispersos pelo mundo", referiu.
Mário Vilalva falou ainda, perante uma plateia de convidados em que estavam vários diplomatas mas também personalidades do mundo político como os socialistas Almeida Santos e Maria de Belém Roseira, da impossibilidade de Portugal e Brasil terem acordos bilaterais ao nível económico. Mas deixou boas perspectivas de sucesso nas negociações de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
"Não podemos negociar sozinhos, temos de o fazer com a UE e o Mercosul. Mas nas negociações entre os dois blocos já chegámos a um ponto em que nunca tínhamos estado. Cada uma das partes já avançou com as suas condições", disse.
Mário Vilalva disse que, caso este acordo avance, as empresas portuguesas, nomeadamente as de vinho, podiam ter assim uma melhoria de condições. "Os vinhos portugueses já são os terceiros mais vendidos no Brasil, em competição com os italianos. Apenas perdem para os chilenos e argentinos. Mas se o acordo avançar podem ter taxas zero como acontece com os dois competidores directos do Mercosul", concluiu.