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Rússia aposta em Donald Trump para ultrapassar sanções económicas

O Presidente russo quer tornar o seu país grande outra vez e pode vir a precisar da ajuda do chefe de Estado eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, para ultrapassar as sanções económicas impostas há anos.

Reuters
04 de Dezembro de 2016 às 11:30
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Apesar de o governo de Vladimir Putin ter negado qualquer envolvimento nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, a vitória de Trump foi vista como uma vitória para Moscovo, de acordo com a agência Associated Press(AP), que cita membros do partido de Putin, Rússia Unida.

"Afinal a Rússia Unida ganhou as eleições nos Estados Unidos", disse, ao ser entrevistado por uma rádio, o governador de Omsk, Viktor Nazarov.

Em Outubro, os serviços secretos dos Estados Unidos afirmaram que o governo russo tinha acedido ao correio eletrónio de cidadãos e instituições norte-americanos e entregado mensagens aos sites DCLeaks.com e WikiLeaks para serem divulgados.

Em Julho, os 'emails' pirateados da Comissão Nacional Democrata (DNC) que indicaram que os líderes do Partido Democrata favoreciam a candidata Hillary Clinton em detrimento do senador Bernie Sanders nas eleições primárias levaram à demissão da presidente da DNC Debbie Wasserman.

Desde o colapso da União Soviética, em 1991, a Rússia tem tentado manter-se em pé de igualdade com os Estados Unidos, estendendo o seu território sempre que possível, contrariando as acções militares norte-americanas e colocando-se na posição de rival da maior economia mundial.

As suas ambições sofreram um revés em 2014 quando a administração de Barack Obama autorizou sanções contra setores da economia russa, incluindo serviços financeiros, energia, exploração mineira e defesa.

A administração norte-americana também sancionou os colaboradores mais próximos de Putin, acusados de minar a paz na Ucrânia. Às sanções juntam-se a descida dos preços do petróleo e um rublo fraco que impediram o crescimento da economia russa.

O impacto foi extenso. O fundo soberano da Rússia tinha 87 mil milhões de dólares (cerca de 81,5 mil milhões de euros) em bens em dezembro de 2013, de acordo com o Ministério das Finanças russo.

A 01 de junho passado, tinha descido para 38 mil milhões de dólares, na sequência de vendas efetuadas por Moscovo para equilibrar défices orçamentais. As trocas comerciais dos Estados Unidos com a Rússia desceram de 34 mil milhões de dólares em 2014 para 23 mil milhões em 2015.

"Levantar as restrições às exportações de tecnologia, software, coisas que realmente podem ajudar a indústria russa na extração de petróleo e gás" vão ser a prioridade máxima, disse Boris Zilberman, perito russo do Centro sobre Sanções e Finanças Ilícitas da Fundação para a Defesa das Democracias.

A promessa de Trump de maior cooperação com a Rússia desencadeou algumas preocupações nos Estados Unidos. Durante a campanha, o presidente eleito afirmou que, sob a sua liderança, Washington podia decidir não defender alguns membros da NATO em caso de ataque da Rússia, indicando que a decisão seria tomada após análise do cumprimento pelas repúblicas bálticas "das obrigações com os Estados Unidos".

Mas as posições de Trump são difíceis de avaliar porque muitas vezes afastam-se das propostas mais controversas. A escolha para futuro secretário da Defesa, o general na reserva James Mattis, considerou a agressão russa contra a Ucrânia um problema "muito mais grave e sério" do que Washington e a UE o tratam.

Putin e Trump falaram logo após a vitória do republicano e uma declaração da equipa de transição garantia que o presidente eleito disse ao chefe de Estado russo esperar "uma relação forte e duradoura".

Observadores consideraram que a Rússia não vai deixar de interferir na política norte-americana com a vitória de Trump.

"A produção está a diminuir ao longo do tempo e a Rússia está a tentar a exploração 'off-shore' no Ártico e para fazer isso, precisa de tecnologia ocidental", afirmou Zilberman.

"Não é que Putin seja contra o Partido Democrata, ele é mais contra os Estados Unidos e contra tudo aquilo que prejudicar os interesses russos", disse.

"Nada garante que da próxima vez a Rússia não ataque o Partido Republicano e divulgue os 'emails' da administração Trump, se favorecer" Putin, acrescentou.

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