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Putin mobiliza-se e rebeldes prosseguem em direção a Moscovo. Ponto de situação na Rússia

Helicópteros russos dispararam contra rebeldes, mas a coluna de carros militares prossegue em direção a Moscovo, avançam as agências internacionais. Putin mobiliza-se e nacionalistas russos saem em sua defesa. Do exterior as manifestações de apoio são reduzidas: é uma questão interna.

Reuters
Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt 24 de Junho de 2023 às 15:53

Ao início da tarde deste sábado, helicópteros militares russos abriram fogo contra ocomboio de mercenários rebeldes que se dirigia para Moscovo a partir de Rostov-on-Don, uma cidade de mais de um milhão de pessoas perto da fronteira com a Ucrânia e atualmente controlada pela milícia Wagner. 


A intervenção, contudo, não impediu que os carros blindados conduzidos pelos mercenários continuam o caminho em direção a Moscovo e terão alcançado a região de Lipetsk, na Rússia central, segundo avança o The New York Times


O governador de Lipetsk, Igor Artamonov, confirmou no Telegram que a coluna continua a movimentar-se, mas garantiu que "estão a ser tomadas todas as medidas necessárias para garantir a segurança da população" e que "a situação está sob controle". 


Para já Putin prepara aquilo que adiantou ser "ações decisivas" para travar o grupo rebelde liderado por Yevgeny V. Prigozhin. A segurança nas ruas aumentou substancialmente, com militares fortemente armados a patrulhar a cidade; a Praça Vermelha foi bloqueada com barreiras de metal; e os moradores foram avisados de que devem permanecer em casa e eventos de massa, como comemorações escolares, que estava agendados, foram cancelados. Militares com metralhadoras foram colocados junto à entrada da maior autoestrada que liga Moscovo a Voronezh e a Rostov


Um grupo de nacionalistas russos, liderado por um antigo dirigente dos serviços de informação da Rússia, anunciou que se prepara para intervir e responder à ameaça do grupo  Wagner, para tentar, por todas as formas, evitar uma guerra civil que deixaria o país muito fragilizado e conduziria a uma inevitável derrota na Ucrânia. 


Vários governadores russos estão a apelar aos membros do grupo Wagner originários das suas regiões para que não participem na rebelião e que "não cometam atos criminosos", eles que, afinal, têm estado "a defender opaís na Ucrênia". 


E um dos altos membros do Parlamento russo veio anunciar que "os membros do grupo Wagner que deponham as armas e se arrependam  poderão escapar da punição", de acordo com o jornal russo Vedomosti. Poucas horas antes, na sua comunicação ao país, Putin prometeu responder com mão pesada à rebelião armada. "Quem organizou e preparou esta rebelião armada, quem se ergueu contra os seus camaradas de armas, traiu a Rússia" e "vai responder por isso".


Putin saiu de Moscovo?


Segundo o The Guardia, há relatos de que o avião presidencial de Vladimir Putin decolou do aeroporto de Vnukovo, em Moscovo, às 14h16, hora local 12h16 em Lisboa), e seguiu para noroeste. 


Segundo dados do FlightRadar, um site que rastreia aviões, a aeronave terá chegado a Tver – a cerca de 180 kms de Moscovo e onde Putin tem uma residência – antes de desaparecer do sistema. Não há, no entanto, uma confirmação oficial, aliás, o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, disse à agência de notícias Tass que o presidente está "a trabalhar no Kremlin".


Yevgeny Prigozhin também não fez qualquer aparição pública, mas no último vídeo que públicou no Telegram, disse que estava a falar a partir  do quartel-general militar de Rostov-on-Don.


Entretanto, no exílio, Mikhail Khodorkovsky, opositor de Putin, apelou ao apoio do líder do grupo Wagner, escrevendo no seu canal do Telegram, de acordo com a Lusa, que "a rebelião de Prigozhin, apesar da sua fraqueza e falta de preparação, é até agora o golpe mais forte à reputação de Putin". "O que podemos fazer para ajudar o nosso país agora é ajudar as pessoas a ouvir Prigozhin" e "convencer os que serão enviados para detê-lo de que agora temos um inimigo comum", sublinhou. Segundo o ex-magnata do petróleo no exílio, chegou a altura de ajudar e, se necessário, lutar também.


Quem apoia a Rússia?


É inevitável que todos os olhos estejam este sábado, postos no que se passa na Russia e na possível ameaça de uma guerra civil no país, mas, para já, poucas vozes se têm levantado para apoiar expressamente Putin.


O Irão foi um dos poucos que o fez, Enquanto isso, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, citado pelo The Guardian, a afirmar que o país "apoia o estado de direito na Federação Russa", mas acresxentando que "considera os últimos desenvolvimentos um assunto interno da Rússia".


Da China, tradicional aliado de Putin, não chegaram ainda declarações oficiais. Os orgãos de comunicação social, chineses têm, no entanto, noticiado o tema, muitos deles salientando que o controle do Partido Comunista Chinês sobre os militares nuca permitiria que algo semelhante ocorresse no seu país. 


Já esta tarde, Putin falou pelo telefone com o presidente da Turquia, Erdogan, por iniciativa deste último, noticiou o Vedomosti, citando o serviço de imprensa do Kremlin: "O presidente da Rússia informou sobre a situação no país na sequência da tentativa de rebelião armada. O Presidente da República da Turquia expressou total apoio às medidas tomadas pela liderança russa."

Quanto aos responsáveis diplomáticos máximos da União Europeia (UE) e do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) reuniram-se de emergência este sábado para discutir a crise, tendo sido ativado o centro de respostas de crise da União Europeia. Logo pela manhã, Eric Mamer, porta-voz de Ursula von der Leyen, afirmou que a Comissão Europeia está a monitorizar os acontecimentos: "Este é um assunto interno da Rússia. Estamos a monitorizar a situação."


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