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Produção de petróleo caiu 90% na Líbia e provocou prejuízo de 2,1 mil milhões de dólares
A produção de petróleo na Líbia, a maior fonte de receita do país, derrapou cerca de 90% desde que o líder militar Khalifa Haftar mantém os terminais petrolíferos encerrados. Os prejuízos já ascendem aos 2 mil milhões de dólares.
A produção de petróleo na Líbia derrapou 90,59% desde o final de janeiro deste ano, altura em que o general Khalifa Haftar impôs o bloqueio do oleoduto que liga os principais campos de petróleo ao porto de Zawiya, na costa noroeste da Líbia, e encerrou os campos de produção no leste do país.
Esta agressiva queda na produção da matéria-prima causou até ao momento um prejuízo de 2,1 mil milhões de dólares à Líbia, cuja economia depende principalmente do setor petrolífero, que representa cerca de 70% das exportações e corresponde a cerca de 60% do PIB total do país (juntamente com a produção de gás).
A 21 de janeiro a oferta diária de petróleo da Líbia fixava-se nos 1,3 milhões de barris e hoje, 26 de fevereiro, está fixada nos 122.430 barris por dia. É um mínimo desde agosto de 2011, altura em que o militar Muammar al-Gaddafi foi derrubado do poder.
Mas a queda pode não ficar por aqui. Mustafa Sanalla, presidente da National Oil Corporation, a maior petrolífera estatal do país, disse à Bloomberg no mês passado que se prevê que a produção de petróleo recue para os 72 mil barris por dia.
A Líbia é membro da OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo) desde 1962 e o seu potencial na produção de petróleo é uma atração para muitos países da União Europeia e não só. Apesar da pressão internacional para que se alcance um acordo pacífico no país, existe um grande clima de tensão entre as duas forças que disputam o poder no país.
De um lado está o governo reconhecido pela ONU, liderado por Fayez al-Sarraj - que recebe o apoio da Turquia, o Qatar e Itália (se bem que de forma indireta) e do outro, o general Khalifa Haftar, que controla o leste do país com recurso a militares, com o apoio bélico e militar de importantes "players" internacionais como Emirados Árabes Unidos, Egito, Rússia e França. Conta também com os Estados Unidos no apoio diplomático.
Com a ajuda dos Emirados Árabes Unidos, que fornecerem artilharia bélica, dos mercenários do grupo militar russo Wagner Group, e do governo da Rússia que imprimiu milhares de milhões de dólares em moeda local para financiar as operações, as forças lideradas pelo general Haftar conquistaram vários quilómetros de território à volta de Trípoli.
O governo de Tripoli tem o forte apoio de Ancara, que evitou a queda do governo local, enviando tropas e armamento. Em troca, Erdogan negociou com a Líbia o alargamento da sua Zona Económica Exclusiva no Mediterrâneo para fazer novas prospeções de petróleo, contra a vontade da Grécia.
Para além do petróleo, a grande atração pela Líbia está na sua posição estratégica, na costa mediterrânica, sendo um apetecível isco geopolítico para a União Europeia, numa altura de fortes migrações.
Assim, esta disputa tribal entre Haftar e al-Sarraj vai muito para além de uma guerra interna e expande-se para outros pesos pesados na geopolítica internacional. O Estado da Líbia despenhou-se com a queda de Muammar Khadafi do poder, em 2011, com a ajuda da NATO e desde essa altura que vários grupos almejam o poder. No entanto, esta não é uma guerra meramente interna, com apenas duas balizas.