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Moscovo resfria entusiasmo face às conversações com a Ucrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo considera que as conversações com a Ucrânia, realizadas em Berlim, não produziram nenhuma resolução, indicando como único progresso a facilitação da entrega de ajuda humanitária. Moscovo defende que um cessar-fogo só é possível se Kiev fizer recuar o seu exército.
Afinal o "certo progresso", inicialmente referido pelas autoridades russas, em relação às conversações de paz que decorreram em Berlim esta segunda-feira, não terá sido significativo, segundo se poderá depreender das declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov. A Rússia volta a demonstrar não pretender abandonar por completo as exigências e acções dos rebeldes pró-russos.
Depois de Lavrov ter estado reunido, ao longo desta manhã, com os seus homólogos da Ucrânia, Alemanha e França, defendeu que as conversações sobre o conflito, que grassa na região leste ucraniana, não produziram nenhuma resolução. O chefe da diplomacia russa salientou, no entanto, como único avanço os progressos alcançados ao nível da entrega de ajuda humanitária na região.
Em declarações aos jornalistas e citado pela agência Bloomberg, Sergey Lavrov defendeu que um cessar-fogo só é realmente concebível se as autoridades de Kiev estiverem na disposição de, também elas, abdicar das suas próprias acções militares.
"Enquanto continuarem a apostar numa solução militar e enquanto as autoridades de Kiev apostam em vitórias militares contra a sua própria população, para fortalecer a sua posição em Kiev, eu não acredito que isso seja coadunável com o que pretendemos agora fazer", sustentou Lavrov.
Recorde-se que ao longo das últimas semanas o exército ucraniano tem registado avanços nas regiões de Donetsk e Luhansk, diminuindo o controlo destes territórios por parte dos rebeldes, num conflito que, nos últimos meses, já provocou cerca de 2 mil mortes.
No final de mais de cinco horas de conversações diplomáticas, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Pavlo Klimkin, mostrou-se mais moderado que o seu congénere russo. Klimkin disse, precisamente, que em Berlim se alcançou um "progresso moderado". Kiev continua a garantir que aprovará um cessar-fogo a partir do momento em que os rebeldes separatista pró-russos abandonem o recurso às armas.
Mantém-se o impasse, no essencial, entre Kiev e Moscovo. A Rússia continua a defender o abandono da via militar por parte da Ucrânia, mantendo a aposta na ajuda humanitária que pretende utilizar como forma de atenuar a "grave crise humanitária" provocada pelos confrontos na parte oriental ucraniana. Kiev não está na disposição de ceder território aos rebeldes e, por sua vez, mantém o objectivo de readquirir o total controlo sobre o seu território.
(Notícia actualizada com correcção no segundo parágrafo)