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Hungria suspende “indefinidamente” abastecimento de gás à Ucrânia

A Ucrânia fica cada vez mais dependente da Rússia depois de a Hungria ter interrompido “indefinidamente” o fornecimento de gás natural para Kiev. A empresa húngara FGSZ justifica a decisão com a necessidade de incrementar os fluxos de gás para a Hungria. Isto numa altura em que o primeiro-ministro da Hungria garante que apoia os movimentos autonómicos das minorias magiares nos países vizinhos.

Bloomberg
26 de Setembro de 2014 às 12:55
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A empresa húngara FGSZ, responsável pelo controlo dos fluxos de gás na Hungria, anunciou no final desta quinta-feira ter suspendido "indefinidamente" o fornecimento de gás para a Ucrânia. Segundo a BBC, esta operadora energética justifica a decisão com a necessidade de aumentar os fluxos de gás natural na Hungria.

 

Apesar da explicação dada pela FGSZ, a empresa energética estatal ucraniana Naftogaz revelou que a interrupção do abastecimento providenciado pela operadora húngara surgiu de forma "inesperada e sem explicações".

 

Esta é uma decisão que coloca sob forte pressão as autoridades de Kiev, isto quando se aproxima rapidamente a chegada do frio no leste europeu. Em Junho, o principal fornecedor de gás para a Ucrânia, a operadora estatal russa Gazprom, interrompeu os fluxos de gás natural para a Ucrânia por falha no pagamento de 1,95 mil milhões de dólares. 

 

Passando então a exigir que Kiev iniciasse o pré-pagamento do gás que seria fornecido, alegando que uma dívida ucraniana à Gazprom de 5,3 mil milhões de dólares a tal precaução obrigava. Isto depois de na sequência da crise ucraniana a operadora russa ter elevado o preço por metro cúbico do gás natural fornecido a Kiev em mais de 80%.

 

Desde essa altura que a Ucrânia implementou políticas restritivas no que ao consumo de gás diz respeito, tendo acordado fornecimentos com a Polónia, a Eslováquia e a já referida Hungria. Contudo, a proximidade do Inverno coloca Kiev numa posição altamente delicada.

 

A decisão da Hungria aparece de surpresa, tornando-se difícil de dissociar das últimas declarações do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. Numa entrevista, citada pela Bloomberg, a uma rádio do seu país, Orban anunciou a disponibilidade do seu Governo para "naturalmente suportar" a vontade autonómica das minorias húngaras que vivem em países vizinhos, incluindo a Ucrânia. Kiev enfrenta dificuldades ao nível da manutenção da coesão interna, tendo já visto a anexação da Crimeia pela Rússia e aprovado, entretanto, maiores níveis de autonomia para a regiões do Donbass. 

 

Viktor Orban tem-se mostrado crítico, em diversas ocasiões, da política de sanções económicas aplicadas pela União Europeia (UE) contra Moscovo, ele que, no início deste semana, tinha estado reunido em Budapeste, capital da Hungria, com o líder da russa Gazprom.

 

Tal como lembra a BBC, o Presidente russo Vladimir Putin em mais de uma ocasião alertou para as consequências a que o abastecimento de gás para a Ucrânia, a partir de países membros da UE, obrigaria.

 

Fornecimento de gás discutido em Berlim

 

A capital alemã acolhe esta sexta-feira discussões sobre o problema energético criado depois do eclodir da crise na Ucrânia, em Fevereiro passado.

 

O ministro russo da Energia, Alexander Novak, o seu congénere ucraniano, Yuri Prodan, e o comissário da UE para a área energética, Guenther Oettinger, vão debater sobre como resolver o impasse em que se mantém Kiev e Moscovo, com o Kremlin a recusar-se a readoptar a política de descontos no gás fornecido a Kiev. Descontos adoptados aquando do consulado do Presidente ucraniano pró-russo, Viktor Yanukovych, deposto em Fevereiro.

 

Cresce o receio de que a Rússia, enquanto principal exportador de gás natural para a Europa, sendo também o maior abastecedor da Alemanha, coloque em causa a viabilidade energética de uma Europa que permanece longe da autonomia em termos de energéticos.

 

O CEO da ucraniana Naftogaz, Andriy Kobolyev, citado pela Bloomberg, afirmava, na terça-feira, acreditar que existiriam 70% de hipóteses de que Moscovo viesse a interromper os fluxos de gás para a Europa como fez, por exemplo, em 2009, como forma de colocar sob pressão os dirigentes do Velho Continente.

 

Recorde-se que a maior parte do gás natural russo canalizado para a Europa é transportado através dos gasodutos que atravessam a Ucrânia. O Kremlin continua a jogar num tabuleiro energético em que a sua hierarquia dominante lhe confere uma posição vantajosa. As últimas decisões de Kiev e da NATO não foram bem recebidas por Moscovo, pelo que a cartada do gás reassumiu importância preponderante.

 

A garantia deixada esta semana pelo Presidente ucraniano Petro Poroshenko, de que iria iniciar reformas estruturais por forma a pedir oficialmente, em 2020, a adesão à UE, bem como a aprovação da revogação do estatuto de nação não alinhada, que abre caminho a uma adesão enquanto membro de plenos direitos da NATO, terão acossado Moscovo que rapidamente deu início a uma maior aproximação, já consubstanciada, à Hungria.

 

O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, já garantiu, em Agosto, que as portas da Aliança Atlântica permanecem abertas, isto depois de interrompido há alguns anos o processo de adesão à organização atlântica.

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