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Guterres defende via militar contra o Estado Islâmico

O antigo primeiro-ministro e candidato a secretário-geral das Nações Unidas defendeu esta sexta-feira que a comunidade internacional deve combater militarmente o Estado Islâmico.

Pedro Elias
08 de Abril de 2016 às 17:20
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O ex-primeiro-ministro português António Guterres defendeu esta sexta-feira, 8 de Abril, que o mundo não deve menosprezar o que o grupo extremista Estado Islâmico (EI) representa, defendendo que deve ser combatido militarmente, mas também "no plano dos valores e das políticas sociais".

"É mais organizado do que parece", alertou, aludindo à "enorme capacidade de propaganda recrutamento" de seguidores na Europa daquela organização.

O antigo chefe do governo e ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que foi hoje homenageado no evento internacional Terra Justa, em Fafe, na região norte de Portugal, defendeu que o combate deve incidir no plano ideológico e dos valores e também através de políticas e coesão social.

A mensagem do EI, apesar de "completamente enganadora, é forte", aproveitando a "frustração de muitos jovens europeus", acrescentou.

António Guterres, que falava numa conversa de café, integrada no programa do evento "Terra Justa", perante algumas dezenas de pessoas, defendeu que nunca houve no mundo "uma tão grande interligação entre as guerras e uma ameaça global de terrorismo".

Sobre a questão dos refugiados na Europa, acusou os Estados de incapacidade para responder a uma matéria tão complexa, recordando que o problema já era expectável na Primavera do ano passado, quando se diminuiu o apoio alimentar nos campos de refugiados, e que nada estava preparado para receber os refugiados.

"Tudo o que se organizou foi demasiadamente pouco e tardio", lamentou.

Afirmando ser defensor de um "programa maciço de reinstalação dos refugiados", Guterres aludiu à necessidade de a Europa ter uma maior capacidade "de os [refugiados] ir buscar organizadamente".

"Os emigrantes são pessoas com direitos. Temos de ter muito respeito e reconhecer que na Europa os emigrantes fazem falta", vincou António Guterres, que defendeu também a importância de se prestar apoio financeiro aos países que estão na linha da frente, na receção aos refugiados, nomeadamente à volta da Síria.

"Eles enfrentam uma pressão enorme sobre as suas economias, sociedade e segurança", observou.

Sobre o futuro, Guterres admitiu que o mundo "está perante uma tragédia, para a qual não se vislumbra uma solução aceitável".

Apesar disso, António Guterres disse preconizar que o mundo deve, além de tentar acabar com a guerra na Síria, combater as organizações que operam no tráfico humano, recordando que "são verdadeiras redes internacionais que têm um negócio fabuloso", o que obriga a um combate multinacional dos Estados.

Lamentou, a propósito, que os países invistam mais no combate ao tráfico de droga do que na luta contra o tráfico de seres humanos.

Sobre a sua candidatura a secretário-geral da Nações Unidas, reafirmou que o faz por sentir o dever de disponibilizar àquela organização as suas "capacidades e experiência" acumuladas no desempenho de vários cargos, em especial como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

"A preparação é fundamental, é a autenticidade", afirmou, dizendo aguardar agora se as pessoas na ONU vão ou não "reconhecer" o trabalho que desenvolveu ao longo da vida.

E terminou: "Encaro isto com uma grande tranquilidade. Quero pôr a render onde penso que posso ser mais útil".

À tarde, integrado no programa do "Terra Justa", o antigo primeiro-ministro vai deixar uma mensagem no "Mural das Causas", inaugurando depois uma exposição sobre o seu percurso de vida.

À noite é homenageado numa conferência com vários convidados.
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