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Erdogan: Só há cessar-fogo na Síria se todos cumprirem. Curdos ameaçam não sair
O presidente turco Tayyip Erdogan disse que a ofensiva turca no território no norte da Síria não só iria continuar, como poderia ganhar dimensão, caso o cessar-fogo não seja totalmente cumprido por todas as partes. Curdos oferecem resistência.
Erdogan ameaçou hoje quebrar o acordo com os EUA, caso alguma das partes não cumprisse o que estava estipulado. Mas há um senão: neste entendimento de paz temporário firmado entre turcos e norte-americanos, nenhum elemento da tropa curda – uma parte essencial para que o cessar-fogo fosse efetivo - se manifestou a favor, uma vez que fosse.
Este acordo de "paz mascarada" de 120 horas da Turquia na Síria, anunciado ontem pelo vice-presidente Mike Pence e corroborado pelos representantes turcos, previa uma retirada dos guerrilheiros curdos. No entanto, estes não mostraram qualquer intenção de se retirarem da fronteira nordeste da Síria.
Os líderes curdos disseram que, embora saúdem uma pausa nos ataques, não aceitariam a ocupação turca no norte da Síria.
Hoje, na conferência de imprensa que deu por finalizado o Conselho Europeu, que ocorreu em Bruxelas nos últimos dias, Donald Tusk disse que "o cessar-fogo não é o que esperávamos, na verdade não é um cessar-fogo", acrescentando que não passa de uma exigência de "capitulação dos curdos" que vivem no norte da Síria.
Também dos EUA, um membro republicano do comité das relações externas, Marco Rubio, disse que o acordo "não era nenhum cessar-fogo", ameaçando os curdos: "Vocês têm cento e tal horas para sair daqui (da Síria) antes que vos matemos".
O entendimento entre os EUA e a Turquia previa também que Washington não impusesse novas sanções a Ancara e que as atuais podiam ser retiradas se o período de cessar fogo se tornar permanente.
Estas notícias impulsionaram a lira turca e fizeram tombar os juros do país. Os juros das obrigações turcas a dez anos caem cerca de 21 pontos base para os 6,841%, a maior queda desde 12 de setembro. A lira, que disparou quase 2% após o anúncio do acordo, hoje volta a apreciar mais de 1%.