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Chile, mergulhado em turbulência, vê economia sair do trilho

Há apenas algumas semanas, a economia do Chile crescia a uma taxa superior a 3%. Quase ninguém estava preocupado com uma possível recessão.

Reuters
23 de Novembro de 2019 às 12:00
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Luz Díaz provavelmente não esperava que tivesse que se trancar na sua loja de comida vegana na capital, enquanto a polícia enfrentava manifestantes do lado de fora.

 

A agitação social mais ampla e violenta de uma geração mudou tudo no prazo de um mês. Analistas agora projetam que a economia de 300 mil milhões de dólares encolha neste trimestre e ainda tentam descobrir se a retração se estenderá para 2020, o que caracterizaria uma recessão.

 

A revolta social trouxe "um grande aumento da incerteza", disse Gonzalo Sanhueza, economista da empresa de serviços financeiros Econsult, em Santiago. "Quando isso acontece, os investimentos e a procura dos consumidores congelam. E isso leva a uma desaceleração."

 

Em todo o Chile, as vendas a retalho caíram e pequenas empresas - que respondem por cerca de 50% do emprego - fecharam as portas. Hotéis estão a recuperar dos cancelamentos de reservas. A infraestrutura pública foi danificada - incluindo 147 câmaras de rua e mais de 300 semáforos, de acordo com o governo.

 

Díaz revelou que, por duas vezes num mês, teve que se baixar na sua loja no sofisticado distrito de Providencia - e cobrir as janelas com plástico preto - para impedir que manifestantes vissem as vitrinas de madeira e as transformassem em combustível de barricadas.

 

Outras vezes, Díaz só consegue abrir metade do dia. Díaz precisou de demitir duas pessoas da equipa de vendas e diz que não pode mais manter a loja fechada: "Não temos poupança. Se não abrirmos a loja, não teremos dinheiro para comprar mais nada."

 

Outros setores também foram atingidos. A produção agrícola deve encolher 2% este ano, devido às interrupções nos portos e à seca, de acordo com a Sociedade Nacional Agrícola. Na indústria, a estimativa é de um declínio de 1%, seguido de uma retoma em 2020.

 

Despesas

O governo prometeu 1,2 mil milhões de dólares em gastos sociais destinados a pensões para pessoas de baixos rendimentos e seguro de saúde, elevando o défice fiscal de 2% para 2,9%. O Chile não pode dar-se ao luxo de ir mais longe para atender às exigências dos manifestantes, como um aumento de 50% das pensões, revelou o ministro da Fazenda, Ignacio Briones, na segunda-feira.

 

Na semana passada, o governo e os partidos da oposição fecharam um acordo para reformar a Constituição, promulgada na ditadura de Augusto Pinochet, o que levou a um rali no mercado alimentado pelas expectativas de que a medida possa apaziguar os manifestantes.

 

Briones, que tinha alertado anteriormente que 300 mil empregos poderiam ser perdidos, parecia mais otimista após o acordo. Ele previu que o Chile evitará uma recessão técnica (dois trimestres seguidos de queda do PIB).

 

Para os economistas, esta probabilidade ainda é de 50/50.

 

(Texto original: As Chaos Engulfs Chile, a Booming Economy Suddenly Faces a Bust)

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