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Bilionários dos EUA estão a viver mais do que nunca e deixam herdeiros à espera
Para homens nascidos em 1960 e que estão entre os 20% mais ricos dos EUA, a expectativa de vida é de quase 89 anos, sete anos a mais do que para homens da mesma classe nascidos em 1930.
Quando morreu aos 90 anos, em 2018, Tom Benson deixou um império que incluía uma equipa profissional de futebol americano e outra de basquete e uma rede de concessionárias de automóveis. Os seus últimos anos foram marcados por guerras entre os herdeiros.
Na disputa judicial, foi argumentado que Benson não estava mentalmente capaz quando mudou o seu testamento. A filha e dois netos alegaram que Benson foi influenciado pela terceira esposa, Gayle Benson, de 72 anos, com quem se casou em 2004. Tom Benson negou a acusação e um tribunal do Estado de Louisiana concordou. No final das contas, a esposa ficou com as equipas New Orleans Saints e New Orleans Pelicans. A filha e os netos ficaram com quase tudo o resto. Mas o processo consumiu muito tempo e provavelmente muito dinheiro.
Os bilionários dos EUA estão a viver mais e este tipo de disputa é um risco que enfrentam.
Pelo menos 15 bilionários faleceram no ano passado, deixando para trás aproximadamente 60 mil milhões de dólares em ativos somados, que incluem participações em empreendimentos diversos, imóveis, iates, aviões e equipas desportivas.
O número de bilionários tem aumentado consecutivamente. Em 2010, havia 490 na América de Norte, mas o total saltou para 747 em 2017.
A parcela dos 1% mais ricos dos EUA controla 37,2% do património pessoal total do país, enquanto os 50% mais pobres não controlam nada desta riqueza. Os ricos têm vida longa e os anos de acumulação de ativos estendem-se. Embora cortes nos impostos sobre heranças e doações contribuam para a concentração de rendimentos, outra causa é a oferta de serviços especializados que garantem que o dinheiro vá exatamente para onde os super-abastados desejam.
Além da história de Benson, também se destaca o caso de um multibilionário que ainda está entre nós. Disputas em torno da capacidade mental de Sumner Redstone (na foto), hoje com 95 anos, já consumiram anos de litígio. Em janeiro, Redstone colocou um ponto final num longo processo judicial movido por uma amante de longa data, Manuela Herzer, que tentava recuperar o direito de tomar decisões sobre a saúde dele. O assunto deflagrou outros processos, em torno do controlo do império de comunicação social da família Redstone, de quanto as empresas pagavam e da influência da filha Shari sobre a sua fortuna de três mil milhões de dólares.
Atualmente, as fortunas dos bilionários "são tão grandes que devem chegar não só aos filhos, netos e bisnetos como também aos trinetos que os patriarcas jamais conhecerão", disse Elizabeth Glasgow, sócia da Venable, firma especializada em sucessão e planeamento de fortunas. E com esta expectativa, o risco de litígio aumenta.
A longevidade pode ser um fator crítico no crescimento e sucesso de longo prazo dos negócios de uma família, disse Jonathan Flack, que comanda a divisão de empresas familiares da PricewaterhouseCoopers nos EUA.
Para homens nascidos em 1960 e que estão entre os 20% mais ricos dos EUA, a expectativa de vida é de quase 89 anos, sete anos a mais do que para homens da mesma classe nascidos em 1930. Para os 20% mais pobres, a expectativa de vida praticamente não varia, e está nos 76 anos.
(Texto original: U.S. Billionaires Are Living Longer, Making Heirs Wait)