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Belém: Hotéis esgotados passam ao lado das tensões em Jerusalém

A decisão de Trump transferir para Belém a embaixada dos EUA em Israel está a inflamar os ânimos naquela parte do globo. Mas, para já, o turismo não se ressente desta posição polémica. Em Belém, há hotéis ocupados a 100% para o Natal.

Reuters
24 de Dezembro de 2017 às 12:00
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Na cidade da Cisjordânia venerada como local de nascimento de Jesus, os hotéis estão esgotados para o Natal, apesar das recentes tensões israelo-palestinas, na sequência da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de considerar Jerusalém, ali perto, como a capital de Israel.

"Não tivemos nenhum cancelamento desde o anúncio de Trump e estamos a 100% para a noite de Natal", disse o director de relações públicas do Ministério do Turismo palestino, Jeries Qumsieh.

O anúncio de Trump sobre Jerusalém, a 6 de Dezembro, indignou os palestinianos, que reivindicam a parte oriental da cidade sagrada - abrigo para lugares sagrados das três religiões monoteístas - como futura capital. A decisão também provocou manifestações em todo o mundo islâmico. A Assembleia Geral das Nações Unidas votou esta quinta-feira de forma esmagadora uma resolução crítica sobre a medida (128 países condenaram a decisão), depois de os EUA terem vetado uma outra no mesmo sentido no Conselho de Segurança.

A Autoridade Palestiniana antecipa um recorde de 2,7 milhões de turistas este ano, contra 2,2 milhões em 2016. Qumsieh atribui a ascensão à promoção feita em países islâmicos como a Indonésia e a Turquia e a atracções culturais como o Walled Off Hotel, do artista de rua Banksy, em Belém, frente à barreira de segurança de cimento com 7,9 metros de altura coberta de arame farpado que Israel construiu ao longo - e dentro - da Cisjordânia.

Walled Off Hotel é uma das atracções

Qumsieh disse que o interesse no hotel de três andares, com quartos com vista para o grafitti que cobre essa parte do muro, aumentou os números do turismo. O hotel comentou a decisão de Trump sobre Jerusalém no seu site na internet.

"Desde o anúncio do presidente Trump sobre a transferência da embaixada dos EUA, há potencial de distúrbios na região", diz. "Actualmente, a situação é excelente."

O italiano Mario Ricci, de 38 anos, visita Belém pela primeira vez este ano. Diz que não teme pela sua segurança, mas lamenta que os atritos se tenham agravado com a declaração dos EUA.

"Escolhi a época do Natal para estar aqui porque queria viver e sentir o espírito do Natal", disse. "É triste o que está a acontecer nesta parte do mundo. Esta é a cidade da paz e o que Trump fez só incendiará a região, não trará paz."

O ministério teme que o turismo seja afectado se as tensões não forem neutralizadas, disse Qumsieh. Nos últimos anos, a violência com Israel teve um forte impacto nas visitas à região.
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