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Assad entrega armas químicas quando Estados Unidos cessarem as ameaças

O presidente sírio revelou que Damasco pretende colocar o seu arsenal químico à disposição da comunidade internacional, logo que os “Estados Unidos cessarem com as ameaças”. Moscovo avança com a sua marinha para dissuadir os Estados Unidos de qualquer acção.

12 de Setembro de 2013 às 15:51
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O presidente da Síria, Bashar al-Assad, em entrevista à estação de televisão russa, “Rossiya 24”, disse que o seu país aceita “disponibilizar as suas armas químicas à supervisão internacional”. Assad sublinha que esta tomada de decisão se “deve à Rússia” e não “às ameaças dos Estados Unidos”. A agência de notícias estatal russa, “RIA”, adianta que Assad vai garantir a entrega, às Nações Unidas, dos documentos necessários para o desmantelamento do seu arsenal químico. O “Guardian” cita a “RIA” e avança que esta vontade de Assad só poderá ser concretizada quando Damasco tiver a certeza que “os Estados Unidos realmente querem estabilidade na nossa região, cessarem as ameaças de ofensiva militar e interromperem o fornecimento de armas a terroristas”.

 

De acordo com a “BBC”, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, indicou, esta quinta-feira, as três fases essenciais da proposta russa. A Síria deverá assinar a Convenção sobre Armas Químicas, que proíbe a produção e utilização destas armas. Damasco terá de divulgar os locais onde mantém armas químicas armazenadas e mostrar detalhes do seu programa químico. Por fim, os técnicos especialistas neste tipo de armamento deverão ter total autonomia para decidir quais os procedimentos a adoptar, para que estas armas sejam entregues à comunidade internacional para posterior destruição.

 

Recorde-se que depois de na segunda-feira passada, Lavrov ter anunciado uma proposta, recebida com total abertura pelo congénere sírio, para a entrega e desmantelamento do armamento químico de Damasco, assistiu-se a um volte face no que parecia uma iminente acção militar, liderada pelos Estados Unidos, contra o regime de Assad.

 

Em entrevista ao “New York Times”, publicada esta quinta-feira, Vladimir Putin, presidente da Rússia, avisa Washington para que não ataque a Síria, porque isso significaria “um aumento da violência e o início de uma nova onda de terrorismo”. Putin considera que uma operação militar norte-americana na Síria iria “deitar por terra todos os esforços multilaterais levados a cabo para resolver o problema do programa nuclear do Irão, e desestabilizaria ainda mais o conflito israelo-palestiniano, a situação no Médio Oriente e no norte de África”. “Isto iria prejudicar todo o sistema de Direito Internacional”, conclui.

 

O “Guardian” adianta que Moscovo enviou um navio de transporte e lançamento de misseis cruzeiro, juntamente com outras fragatas, para o mar Mediterrâneo. Esta decisão configura, para a Rússia, o maior empreendimento logístico naval desde o fim da União Soviética. Putin aposta naquilo que parece ser uma medida com o objectivo de dissuadir qualquer ataque norte-americano contra Damasco, uma vez que Washington mantém ao largo do Mediterrânio vários dispositivos da sua marinha.

 

Moscovo continua a mover todas as peças, por forma a manter a liderança no processo diplomático desencadeado com os ataques com recurso a gás sarin, no dia 21 de Agosto. Para já, Putin consegue impedir qualquer acção militar, e a manutenção, do seu aliado Assad, no poder. Por outro lado, o Irão mantém-se de fora da contenda, o que significa que Moscovo consegue manter o status quo dos seus dois principais aliados na região.

 

As negociações continuam esta quinta-feira. John Kerry, secretário de Estado norte-americano, e Lavrov, juntamente com especialistas, de ambas as nacionalidades, em armas químicas, negoceiam, em Genebra, a melhor forma de proceder ao desmantelamento do arsenal químico sírio. Por fim, a agência francesa “AFP”, refere que o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, anunciou a próxima segunda-feira como a data provável para a divulgação de um relatório, elaborado pelos inspectores da ONU que investigaram o ataque nos subúrbios de Damasco, que deverá conter evidências suficientes para incriminar o regime de Assad como responsável pelos referidos ataques.  

 

(Notícia actualizada às 17h40 com mais declarações de Assad. Substitui lead e título)

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