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Alemanha manifesta repulsa por uso de saudação nazi em evento da extrema-direita americana
O Governo alemão manifestou hoje a sua repulsa pelo uso de saudações conotadas com o nazismo, como aconteceu recentemente num evento promovido em Washington por um grupo de extrema-direita norte-americano.
Um vídeo divulgado pela revista norte-americana The Atlantic mostrou participantes num evento realizado no sábado em Washington a levantarem o braço com a mão estendida durante um discurso de Richard Spencer, líder de um movimento de extrema-direita norte-americano designado National Policy Institute.
"Falando em termos gerais, sempre que vemos vídeos de qualquer lugar a mostrar pessoas a levantarem a mão para fazer a saudação de [Adolf] Hitler, sentimos repulsa", afirmou hoje o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, quando questionado sobre esta situação concreta.
"Vai contra os princípios e os valores da nossa política", acrescentou o representante.
A Alemanha nazi foi responsável pela guerra e pelo genocídio que levou à morte de dezenas de milhões de pessoas nas décadas de 1930 e de 1940.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha criminalizou a exibição de imagens de teor nazi, incluindo a saudação que era geralmente acompanhada pelas frases "Heil Hitler" ou "Sieg Heil" ("Salve a Vitória").
O porta-voz do Governo alemão referiu que o facto de este caso estar a ser amplamente discutido nos Estados Unidos é um bom sinal.
"Temos uma grande fé na sociedade civil americana, nos media e na política para lidar com tais acontecimentos maus, com tais eventos terríveis", concluiu.
Os grupos nacionalistas e de defesa da supremacia branca existem nos Estados Unidos há décadas, mas ganharam no verão passado um novo relevo quando os seus activistas apareceram na convenção nacional do Partido Republicano norte-americano para celebrar a nomeação de Donald Trump como candidato presidencial republicano.
Richard Spencer, que está ligado ao movimento 'alt-right' (alternative right -- direita alternativa, em português), surge no vídeo publicado pela The Atlantic a dizer "Hail Trump, salve o nosso povo, salve a vitória" e a ser aplaudido pela audiência presente no local.
Na terça-feira, o Presidente norte-americano eleito, Donald Trump, condenou o movimento "alt-right" que saudou a sua eleição, sublinhando que não pretendia alimentar tais ideias. Também negou que o seu conselheiro estratégico Steve Bannon seja de extrema-direita.
"Condeno-os: repudio e condeno [o movimento extremista 'alt-right'", declarou Trump, em entrevista concedida ao diário The New York Times, quando instado a comentar o evento em que a sua vitória eleitoral foi celebrada com saudações nazis.
"Não quero alimentar esse grupo e repudio o grupo", disse o magnata do imobiliário nova-iorquino, depois de emitir, durante toda a campanha eleitoral, comentários racistas, xenófobos e misóginos.
Quanto a Bannon (na foto), que lidera a sua recém-nomeada equipa de estrategas, Trump afirmou, segundo um 'tweet' publicado pela jornalista do New York Times Maggie Haberman: "Se eu achasse que ele era racista ou do 'alt-right' ou alguma dessas coisas, nem sequer pensaria em contratá-lo".
Steve Bannon, de 62 anos, foi até há muito pouco tempo o director do Breitbart News Network, um site de informação que serve de caixa-de-ressonância ao movimento de extrema-direita 'alt-right', recém-surgido nos Estados Unidos.