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Alemanha congratula-se com recuo dos EUA sobre sanções ligadas a gasoduto germano-russo

A Alemanha congratulou-se esta quarta-feira com o recuo dos Estados Unidos da América (EUA) na sua intenção de sancionar entidades e cidadãos alemães envolvidos no controverso gasoduto germano-russo Nord-Stream 2, classificando a decisão como "construtiva".

19 de Maio de 2021 às 18:51
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Os EUA têm sido um reconhecido opositor deste projeto, que pretende transportar gás natural da Rússia para a Alemanha e que há muito está envolvido numa disputa económica e geopolítica.

Washington tem argumentado que o projeto representa uma ameaça à segurança energética europeia e prejudica aliados como a Polónia e a Ucrânia, uma vez que o gasoduto contorna o território destes dois países, que terão fortes repercussões económicas a partir do momento em que o Nord-Stream 2 comece a operar.

O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, que falou na terça-feira sobre este assunto com o seu homólogo norte-americano, Anthony Blinken, disse hoje que o último relatório periódico do Departamento de Estado entregue no Congresso norte-americano enumera sanções contra um conjunto de entidades, mas também refere "renúncias presidenciais" relativas a sanções que visavam a empresa que dirige o projeto do gasoduto e o seu diretor executivo, um cidadão alemão.

"Entendemos que este é um passo construtivo que continuaremos a discutir com prazer com os nossos parceiros em Washington", afirmou Heiko Maas, em declarações à comunicação social em Berlim.

Washington não confirmou ainda o levantamento das sanções, segundo a agência francesa de notícias AFP.

A chanceler alemã, Angela Merkel, tem defendido o projeto, argumentando que o gás natural russo já flui livremente para a Europa através de outras rotas, incluindo através do gasoduto existente Nord-Stream 1, que está sob o Mar Báltico e vai até a Alemanha.

Avaliado em cerca de 9.500 milhões de euros, o gasoduto Nord-Stream 2 é propriedade da empresa estatal de gás russa Gazprom, mas envolve igualmente diversos investidores alemães e de outros países europeus.

Os críticos do projeto na Alemanha têm defendido que o Nord-Stream 2 devia ser abandonado por Berlim devido à atuação de Moscovo no caso do líder da oposição russa Alexei Navalny, atualmente detido na Rússia.

Ainda sobre as sanções, Heiko Maas afirmou que irá discutir com as autoridades norte-americanas quais os próximos passos necessários para garantir que esta renúncia se mantenha em vigor quando o próximo relatório do Departamento de Estado norte-americano for entregue no Congresso, dentro de três meses.

"Compreendemos que a decisão tomada em Washington é uma decisão que tem em consideração as relações extraordinariamente boas que foram estabelecidas com a administração [do Presidente Joe] Biden", referiu o ministro alemão.

"E compreendemos também, naturalmente, que a Alemanha (é encarada) como um parceiro importante para os Estados Unidos, com o qual quer contar no futuro", acrescentou.

Os dois principais candidatos à sucessão de Angela Merkel após as eleições gerais de 26 de setembro na Alemanha têm posições contrastantes sobre o projeto do gasoduto.

A candidata do partido Os Verdes, Annalena Baerbock, é particularmente crítica do Nord-Stream 2, tendo declarado recentemente que o apoio político ao projeto já deveria ter sido retirado.

Já Armin Laschet, candidato do partido de Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU, centro-direita), apoia a posição em vigor no seio do atual executivo alemão.

O gasoduto Nord-Stream 2 começa na Rússia e passa por áreas marítimas da Finlândia, Suécia, Dinamarca e da Alemanha, antes de alcançar a costa alemã.

O plano é transportar gás natural (com uma capacidade na ordem dos 55 mil milhões de metros cúbicos anuais) diretamente da Rússia para a Europa, num trajeto de cerca de 1.200 quilómetros.

O projeto permitirá a Moscovo duplicar as entregas de gás natural russo na Europa, em especial na Alemanha.
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