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A canção viral contra o terrorismo: "bombardeia a violência com misericórdia"
Uma empresa de telecomunicações do Koweit, a Zain Telecom, lançou um anúncio na TV, no arranque no Ramadão, onde o mundo árabe apela, através da música, a que se convença os outros com misericórdia e não pela força.
Um anúncio da Zain Telecom, multinacional de telecomunicações koweitiana, tornou-se viral no Médio Oriente, em pleno arranque do Ramadão – um período dedicado ao autocontrolo e à piedade em que os crentes se abstêm de comer, beber (mesmo água), fumar ou ter relações sexuais entre o nascer e o pôr do sol.
Num vídeo com a duração de três minutos, começamos por ver um potencial terrorista a fabricar uma bomba para fazer detonar num colete que envergará em seguida. E logo depois ouve-se a voz de uma criança, dizendo ao bombista que irá contar tudo a Alá. "Irei contar-lhe que encheste os cemitérios com as nossas crianças e que esvaziaste as nossas escolas".
Ao longo da canção, são passadas mensagens ao bombista suicida, tais como "enfrenta o teu inimigo com paz, não com guerra", "convence os outros com misericórdia, não pela força" e "venera o teu Deus com amor, não com terror".
O vídeo é protagonizado pelo cantor Hussain al-Jassmi, dos Emirados Árabes Unidos, e já conta com mais de 2,5 milhões de visualizações no YouTube desde que foi lançado na passada sexta-feira, 26 de Maio, na véspera do início do Ramadão – em que os muçulmanos cumprem o jejum durante um mês.
Por entre as vítimas que vão surgindo ao longo do vídeo, que mostram como se vão destruindo vidas com os ataques terroristas, há rostos que nos são familiares, como o de Omran Daqneesh, o pequeno rapazinho de Aleppo cuja imagem correu mundo, quando foi fotografado ensanguentado, sentado numa cadeira cor-de-laranja à espera de cuidados médicos, após um bombarbeamento pelo governo sírio. A criança, representada por um pequeno actor do Koweit, é uma das vítimas com que o potencial bombista se vê confrontado.
Conforme o vídeo avança, surgem igualmente imagens de bombardeamentos na região que foram reivindicados pela Al-Qaeda ou pelo autoproclamado Estado Islâmico, sendo que outros sobreviventes além de Daqneesh, e famílias das vítimas, vão também aparecendo no ecrã, por entre uma multidão em crescendo que pede ao bombista que pare, num refrão onde se entoa que "Alá é superior a quem obedece sem contemplação" e que se compadece pelos feridos, não por quem fere.
Entre outros sobreviventes de ataques, conforme relata o The Guardian, há uma noiva que escapou com vida a um bombardeamento em Amã, na Jordânia, um pai que perdeu o seu filho na explosão de um carro armadilhado em Bagdad, no Iraque, bem como um outro que sobreviveu a um ataque suicida numa mesquita xiita no Koweit.
"Nesta mensagem antijihadista, repele-se o terrorismo dos islamistas violentos e promove-se a tolerância", como sublinha o El País.
A multidão vai avançando pelas ruas, sempre a cantar, até que o potencial suicida se deixa cair por terra, envergonhado.