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China cria porcos gigantes para contrariar efeitos da peste suína
Numa exploração agropecuária na região sul da China há um porco tão grande e tão pesado como um urso polar.
O animal de 500 kg faz parte de um conjunto de porcos criados para serem gigantes. No abate, alguns porcos podem ser vendidos por mais de 10.000 yuans (cerca de 1.272 euros), mais do triplo do rendimento médio mensal em Nanning, capital da província de Guangxi, onde mora Pang Cong, o dono da exploração.
Ainda que os porcos de Pang possam ser um exemplo extremo de até onde os produtores podem ir para resolver o problema de escassez de carne suína da China, a ideia do "quanto maior melhor" está a espalhar-se por todo o país, o maior consumidor mundial de carne de porco.
Os preços elevados da carne suína na província de Jilin, no nordeste do país, estão a levar os produtores a criar porcos que atinjam um peso médio entre 175 kg e 200 kg, acima do peso normal de 125 kg. Querem criá-los "o maior possível", disse Zhao Hailin, um produtor de suínos da região.
A tendência também não se limita às pequenas explorações. Os principais produtores de carne da China, que incluem a Wens Foodstuffs, maior criador de porcos do país, a Cofco Meat e a Beijing Dabeinong Technology admitem que estão a tentar aumentar o peso médio dos seus porcos. As grandes explorações estão focadas em aumentar o peso dos animais em pelo menos 14%, disse Lin Guofa, analista sénior da consultora Bric Agriculture Group.
O peso médio dos porcos no abate em algumas explorações de grande dimensão chegou a 140 kg, em comparação com os 110 kg habituais, disse Lin. Esse peso pode aumentar os lucros em mais de 30%, segundo o responsável.
Estas mudanças acontecem num período de crise no mercado chinês. Como a peste suína africana reduziu para metade a quantidade de porcos no país, segundo algumas estimativas, os preços da carne subiram para níveis recorde, levando o governo a instar os agricultores a aumentarem a produção para controlar a inflação.
No retalho, os preços da carne de porco na China subiram mais de 70% este ano, enquanto o número de animais afundou 39% em agosto, na comparação anual.
O vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua alertou que a situação da oferta permanecerá "extremamente grave" até ao primeiro semestre de 2020.
O défice de carne de porco na China está estimado em 10 milhões de toneladas este ano, mais do que o disponível no comércio global, o que significa que o país precisa de aumentar a produção no mercado interno, disse o responsável.