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Trump pede que jogadores sejam banidos se se ajoelharem durante o hino
O conflito entre o presidente dos EUA e a NFL continua. Agora Trump pediu que os jogadores que não respeitem o hino nas cerimónias antes dos jogos sejam banidos.
O presidente dos Estados Unidos deitou mais achas para a fogueira do caso que o opõe aos jogadores de futebol americano. Para Donald Trump, a solução passa por banir os atletas que optarem por se ajoelhar durante o hino do país em forma de protesto.
A National Football League (NFL, a liga de futebol americano dos EUA) "tem todo o tipo de regras e regulamentos. A única saída que tem agora é criar uma regra que defina que [os jogadores] não se podem ajoelhar durante o hino nacional", escreveu esta manhã o presidente dos EUA no twitter, escalando um conflito que ganhou dimensão este fim-de-semana.
The NFL has all sorts of rules and regulations. The only way out for them is to set a rule that you can't kneel during our National Anthem!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 26, 2017
Às primeiras críticas do presidente dos Estados Unidos, os jogadores e a NFL responderam de forma quase unânime com o procedimento de se ajoelharem durante o hino, ou mesmo ignorá-lo, durante as cerimónias que antecedem os jogos.
Se agora está a pedir à NFL que os jogadores sejam banidos, antes o presidente dos EUA já tinha pedido aos donos das equipas de futebol (alguns deles seus amigos e apoiantes dos Republicanos) que despedissem os atletas que não respeitassem o hino.
"Se os adeptos da NFL se recusassem a ir aos jogos até que os jogadores deixassem de faltar ao respeito à nossa bandeira e país, veriam mudanças rápidas. Despeçam-nos ou suspendam-nos!", 'twittou' Trump no fim-de-semana.
Isto depois de na sexta-feira, durante um comício, ter pedido um boicote aos jogos por parte do público. O presidente norte-americano foi longe na linguagem, ao sugerir aos proprietários das equipas que dissessem aos desportistas rebeldes "tirem esse f... da p... do campo agora mesmo".
A verdade é que a vaga de protestos inundou as imagens de televisão durante todo o domingo, com jogadores, treinadores e proprietários dos clubes unidos, com um joelho no relvado e braços entrelaçados: em Foxborough, Massachussetes, 15 dos jogadores dos New England Patriots, campeões em título, deram o exemplo.
Hillary Clinton juntou-se às vozes críticas dos procedimentos de Trump, acusando-o de estar a perseguir os jogadores negros e de aumentar a tensão racial que existe no país. "Ele é muito estratégico no ataque que faz e está a passar a mensagem. É um grande latido para a sua audiência", afirmou em entrevista à CBS.
Entre os críticos de Trump há também quem alegue que o presidente dos Estados Unidos está a criar esta manobra de diversão para retirar as atenções do seu plano fiscal, que deverá ser apresentado amanhã pelos republicanos.
Um protesto com mais de um ano
A origem deste gesto remonta ao Verão de 2016, quando o ex-'quarterback' dos San Francisco 49ers, o afro-americano Colin Kaeernick, se ajoelhou – provocando assim um escândalo nacional - em sinal de protesto contra os assassinatos de vários negros às mãos de polícias brancos. "Não me vou levantar para mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime a gente negra e de cor", justificou o atleta, actualmente sem clube.
Desde então vários jogadores seguiram o procedimento de Kaeernick, alegando que estão a protestar contra a falta de justiça social e não contra o país ou a sua bandeira.
No sábado, o Trump também chocou com o basquetebol, quando retirou o convite a Stephen Curry, estrela da NBA, e aos campeões Golden State Warriors para irem à Casa Branca. "Ir à Casa Branca é considerado uma grande honra para uma equipa campeã. Stephen Curry duvida. Como tal, o convite está retirado", disse, novamente no twitter.
Curry tinha dito que não queria que a equipa visitasse a Casa Branca, onde as equipas campeãs costumam ser homenageadas, em protesto contra o mandato de Trump. Em resposta ao presidente, a equipa, que recebeu várias mensagens de apoio e solidariedade, disse que iria a Washington em Fevereiro para celebrar a "igualdade, a diversidade e a inclusão".