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Santos estudou Mandela para fazer a paz na Colômbia

Juan Manuel Santos é presidente da Colômbia desde 2010. Promoveu a paz com as FARC e não desiste de atingir este objectivo, mesmo depois dos termos do acordo inicial ter sido rejeitado em referendo.

07 de Outubro de 2016 às 11:16
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Surpreendentemente, no domingo dia 2 de Outubro, os colombianos recusaram em referendo o acordo de paz assinado entre o Governo e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), lideradas por Rodrigo Londoño Echeverri, para pôr fim a uma guerra que dura há mais de 50 anos, contabilizando 200 mil mortos e 80 mil desaparecidos, o qual deixou profundas feridas no país.

Apesar deste revês, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, não desiste do acordo e recebeu esta sexta-feira, 7 de Outubro, uma motivação extra para continuar este caminho, ao ver-lhe atribuído o Nobel da Paz pela Real Academia Sueca.

O actual presidente colombiano nasceu a 10 de Agosto de 1951 na capital do país, Bogotá. Desempenhou vários cargos governativos até ascender à presidência, em 2010. Foi ministro do Comércio Exterior do Governo liderado por César Gavira, ministro das Finanças durante o consulado de Andrés Pastrana, e ministro da Defesa do presidente Álvaro Uribe, que agora liderou o movimento contra o acordo de paz assinado entre Juan Manuel Santos e as FARC. Como titular da pasta da Defesa obteve um êxito importante na luta contra as mesmas FARC, com que agora promoveu a reconciliação nacional.

Quando assinou o acordo de paz, a 27 de Agosto deste ano, Juan Manuel Santos declarou: "Persistimos e estamos a terminar, por fim, a longa noite de dor e violência para entrar num dia de concórdia, justiça e fraternidade. Esta é a hora da Colômbia, mas também a hora da misericórdia, do perdão e de reconciliação".

Santos pertence a uma das famílias mais tradicionais da Colômbia e o seu avô, Eduardo Santos, além de proprietário do influente jornal El Tiempo, também foi chefe do Estado do país entre 1938 e 1942. O seu pai, Enrique Santos Castillo foi editor deste jornal durante 50 anos e o seu irmão, Enrique Santos Calderón, director do mesmo durante uma década, até ter sido vendido ao grupo espanhol Planeta.

Num editorial de 27 de Setembro, o El Tiempo escrevia: "Santos, que foi jornalista nesta casa e chegou a ser vice-director, sempre esteve interessado nas questões relacionadas com a paz, que o levaram a analisar os diferentes processos noutros países, especialmente em relação à África do Sul e à sua figura emblemática, Nelson Mandela".

Formado em Economia e Administração de Empresas pela Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, fez uma pós-graduação na London School of Economics em Harvard e foi um dos fundadores do Partido Social de Unidade Nacional em 2005. É casado com Maria Clemencia Rodríguez e tem três filhos. A 14 de Novembro de 2012 Portugal agraciou-o com o Grande-Colar da Ordem D. Infante D. Henrique.

Em 1999, Juan Manuel Santos lançou o livro "Uma Terceira Via para a Colômbia", que foi beber inspiração à Terceira Via de Tony Blair do seu ideólogo, Anthony Giddens. O conceito que suportava a Terceira Via de Santos era simples: "o mercado sempre que seja possível, o Estado sempre que seja necessário".

A 27 de Agosto, depois de assinado o acordo de paz, Santos desenhou com palavras a Colômbia do futuro: "o país que estamos a construir é um país inclusivo, um país onde todos nos encaixamos, onde podemos pensar de forma diferente, mas convivendo sempre em paz, sem agredirmos e sem matarmos pelas nossas diferenças".

A 14 de Novembro de 2012 Portugal agraciou Juan Manuel Santos com o Grande-Colar da Ordem D. Infante D. Henrique
A 14 de Novembro de 2012 Portugal agraciou Juan Manuel Santos com o Grande-Colar da Ordem D. Infante D. Henrique Reuters
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