Notícia
Merkel e Trump à mesa com um elefante de 60 mil milhões
Política comercial, relação com a Rússia, NATO e refugiados. Não faltarão temas de debate no primeiro encontro entre Angela Merkel e Donald Trump. Dois líderes com ideias diferentes, mas também com personalidades opostas.
Sessenta mil milhões de euros. Será esse o gigantesco elefante no centro da Casa Branca, quando Angela Merkel e Donald Trump se encontrarem hoje pela primeira vez. No ano passado era essa a dimensão do excedente comercial que a Alemanha tinha com os Estados Unidos e que muito tem sido criticado pela actual Administração norte-americana. Mas não deverá ser o único ponto de tensão. Há literalmente um oceano de questões a dividi-los.
O ponto de partida não é fácil. Além do comércio, Trump e Merkel discordam em temas centrais como a imigração e a política de refugiados, na melhor estratégia para lidar com a Rússia de Putin e provavelmente até no papel da NATO.
Mas além das políticas, as personalidades envolvidas podem tornar os entendimentos mais desafiantes. Ela é reservada, ele expansivo. Ela é fria e metódica, ele é impulsivo e imprevisível. A Reuters e a Bloomberg noticiariam nos últimos dias que, sabendo dessas diferenças, a chanceler alemã estudou não só entrevistas antigas do Presidente dos EUA, mas também encontros recentes de Trump com outros chefes de Estado, alguns deles marcados por momentos desconfortáveis (como o aperto de mão a Shinzo Abe). "Temos de estar preparados para o facto de ele não gostar de ouvir durante muito tempo, que prefere posições claras e não se quer discutir detalhes", disse à Reuters um responsável germânico.
O contraste é grande em relação a Obama, com quem Merkel foi desenvolvendo uma relação próxima. "A despedida custa-me" admitiu em Novembro, na última visita de Obama a Berlim. Com Trump, as coisas não começaram bem desde o início. Ao cumprimentar o milionário pela vitória eleitoral, Merkel fez questão de sublinhar que a cooperação com os EUA seria na base do respeito pela "dignidade do homem, independentemente da sua origem, cor da pele, religião, orientação sexual ou ideologia". "Vão tornar-se grandes amigos? Provavelmente não. Têm personalidades muito diferentes", refere à Reuters Charles Kupchan, conselheiro de Obama para política europeia.
Uma tempestade obrigou a adiar o encontro para hoje, coincidindo com o primeiro G20 em que participará a Administração Trump e um dia depois de Wolfgang Schäuble receber o secretário de Estado do Tesouro dos EUA.
Um tema que dará certamente muito que falar é o excedente comercial alemão e as críticas que a actual Administração dos EUA lhe tem dirigido. Em Fevereiro, Peter Navarro, um dos principais conselheiros comerciais de Trump, acusou Berlim de usar um euro "grosseiramente subvalorizado" para se aproveitar comercialmente dos EUA. Há uma semana, Navarro voltou a insistir no tema, abrindo a porta a algum tipo de acordo fora do âmbito da Zona Euro.
Em 2016, os EUA venderam à Alemanha mais de 45 mil milhões de euros em mercadorias, mas importaram 106 mil milhões, o que resulta num défice comercial de cerca de 60 mil milhões de euros.
Durante a campanha eleitoral, Trump referiu-se às relações comerciais dos EUA como uma guerra na qual os americanos estavam a levar uma tareia, utilizando um discurso proteccionista. Já na Casa Branca tem-se insurgindo sempre que uma fábrica planeia transferir produção para outro país ou quando considera que uma nação tem uma vantagem injusta face aos EUA. Recentemente, ameaçou criar um imposto sobre os carros que a BMW exporta para os EUA a partir de uma nova fábrica que planeia construir no México. A resposta de Berlim, via vice-chanceler Sigmar Gabriel, mostra como as relações com Washington são desafiantes. O que podem os EUA fazer para os alemães comprarem mais carros americanos? "Construir carros melhores."
Excedente comercial alemão
Responsáveis da Administração Trump têm criticado o excedente comercial alemão, dizendo mesmo que Berlim se aproveita de um euro subvalorizado. A Alemanha argumenta que está numa união monetária e que não tem controlo sobre a sua moeda.
Troca
Proteccionismo comercial
Na campanha, mas também na Casa Branca, Donald Trump tem prometido medidas proteccionistas, permitam reduzir o défice comercial dos EUA. Já ameaçou inclusivamente taxar os BMW que entrem nos EUA via México.
Fronteiras
Política para os refugiados
Donald Trump classificou a política de Angela Merkel para os refugiados como "um erro catastrófico". A chanceler alemã tem criticado as opções da nova Administração americana, tendo explicado por telefone ao Presidente dos EUA que a Convenção de Genebra obriga os países a aceitarem refugiados de guerra.
Diplomacia
Lidar com a Rússia
Trump tem adoptado uma postura bem menos agressiva com Moscovo, com vários sinais de proximidade entre a sua Administração e a Rússia. Merkel foi uma das apoiantes das sanções aplicadas a Moscovo.
Defesa
Qual deve ser o papel da Nato
Ao longo da campanha eleitoral, Trump fez várias críticas à NATO, embora diga ser "fã". Os EUA pedem para os aliados investirem mais, sob pena de serem retirados apoios.
O ponto de partida não é fácil. Além do comércio, Trump e Merkel discordam em temas centrais como a imigração e a política de refugiados, na melhor estratégia para lidar com a Rússia de Putin e provavelmente até no papel da NATO.
O contraste é grande em relação a Obama, com quem Merkel foi desenvolvendo uma relação próxima. "A despedida custa-me" admitiu em Novembro, na última visita de Obama a Berlim. Com Trump, as coisas não começaram bem desde o início. Ao cumprimentar o milionário pela vitória eleitoral, Merkel fez questão de sublinhar que a cooperação com os EUA seria na base do respeito pela "dignidade do homem, independentemente da sua origem, cor da pele, religião, orientação sexual ou ideologia". "Vão tornar-se grandes amigos? Provavelmente não. Têm personalidades muito diferentes", refere à Reuters Charles Kupchan, conselheiro de Obama para política europeia.
Uma tempestade obrigou a adiar o encontro para hoje, coincidindo com o primeiro G20 em que participará a Administração Trump e um dia depois de Wolfgang Schäuble receber o secretário de Estado do Tesouro dos EUA.
Um tema que dará certamente muito que falar é o excedente comercial alemão e as críticas que a actual Administração dos EUA lhe tem dirigido. Em Fevereiro, Peter Navarro, um dos principais conselheiros comerciais de Trump, acusou Berlim de usar um euro "grosseiramente subvalorizado" para se aproveitar comercialmente dos EUA. Há uma semana, Navarro voltou a insistir no tema, abrindo a porta a algum tipo de acordo fora do âmbito da Zona Euro.
Em 2016, os EUA venderam à Alemanha mais de 45 mil milhões de euros em mercadorias, mas importaram 106 mil milhões, o que resulta num défice comercial de cerca de 60 mil milhões de euros.
Durante a campanha eleitoral, Trump referiu-se às relações comerciais dos EUA como uma guerra na qual os americanos estavam a levar uma tareia, utilizando um discurso proteccionista. Já na Casa Branca tem-se insurgindo sempre que uma fábrica planeia transferir produção para outro país ou quando considera que uma nação tem uma vantagem injusta face aos EUA. Recentemente, ameaçou criar um imposto sobre os carros que a BMW exporta para os EUA a partir de uma nova fábrica que planeia construir no México. A resposta de Berlim, via vice-chanceler Sigmar Gabriel, mostra como as relações com Washington são desafiantes. O que podem os EUA fazer para os alemães comprarem mais carros americanos? "Construir carros melhores."
Os temas da discórdia
Quais são os principais temas que separam a nova Administração dos EUA e Berlim? Estes são alguns dos pontos de discórdia.
Excedente comercial alemão
Responsáveis da Administração Trump têm criticado o excedente comercial alemão, dizendo mesmo que Berlim se aproveita de um euro subvalorizado. A Alemanha argumenta que está numa união monetária e que não tem controlo sobre a sua moeda.
Troca
Proteccionismo comercial
Na campanha, mas também na Casa Branca, Donald Trump tem prometido medidas proteccionistas, permitam reduzir o défice comercial dos EUA. Já ameaçou inclusivamente taxar os BMW que entrem nos EUA via México.
Fronteiras
Política para os refugiados
Donald Trump classificou a política de Angela Merkel para os refugiados como "um erro catastrófico". A chanceler alemã tem criticado as opções da nova Administração americana, tendo explicado por telefone ao Presidente dos EUA que a Convenção de Genebra obriga os países a aceitarem refugiados de guerra.
Diplomacia
Lidar com a Rússia
Trump tem adoptado uma postura bem menos agressiva com Moscovo, com vários sinais de proximidade entre a sua Administração e a Rússia. Merkel foi uma das apoiantes das sanções aplicadas a Moscovo.
Defesa
Qual deve ser o papel da Nato
Ao longo da campanha eleitoral, Trump fez várias críticas à NATO, embora diga ser "fã". Os EUA pedem para os aliados investirem mais, sob pena de serem retirados apoios.