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Estados Unidos abandonam UNESCO

A UNESCO diz que a decisão de saída dos EUA da organização representa uma perda "para a família das Nações Unidas e para o multilateralismo." Não é a primeira vez que os EUA saem da organização: tal já aconteceu nos anos 80. E Portugal também já saiu, em 1972.

DR
12 de Outubro de 2017 às 14:19
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Os Estados Unidos notificaram oficialmente esta quinta-feira, 12 de Outubro, a UNESCO da intenção de deixarem de pertencer àquela organização de coordenação internacional para a educação, ciência e cultura, invocando uma tendência anti-Israel daquela entidade.

"Esta decisão não foi tomada de ânimo leve e reflecte as preocupações dos EUA com dívidas crescentes, a necesidade de reformas na instituição e uma tendência anti-Israel," justificou o Departamento de Estado em comunicado, em que refere ainda que se manterá como observador na organização. 

A saída - que será efectiva a 31 de Dezembro do próximo ano - acontece depois de várias decisões da agência cultural das Nações Unidas terem sido criticadas pela Casa Branca, que as considerou anti-Israel. Apesar da saída dos EUA, Israel - que pertence ao organismo desde 1949 - ainda continua na UNESCO.

As autoridades norte-americanas expressam porém o desejo de continuar a contribuir com a entidade em domínios como a protecção do património mundial, a liberdade de imprensa, a colaboração científica e a educação.

"Depois de receber a notificação oficial pelo secretário de Estado, sr. Rex Tillerson, enquanto directora-geral da UNESCO quero expressar que lamento profundamente a decisão dos Estados Unidos da América de se retirarem da UNESCO," afirmou a directora-geral daquela entidade, Irina Bokova, em comunicado citado pela Reuters.

A Unesco considera que a decisão de saída dos EUA da organização representa uma perda "para a família das Nações Unidas e para o multilateralismo." O rompimento é conhecido na semana em que a UNESCO tem em curso o processo para a escolha de um novo líder. 

Os EUA tinham interrompido o financiamento à UNESCO depois de a organização ter aprovado a inclusão da Palestina como membro em 2011. Apesar disso, segundo a Associated Press, o Departamento de Estado dos EUA mantinha uma representação na organização sediada em Paris. 

A decisão de saída estaria a ser preparada há meses, esperando-se que a administração Trump viesse a anunciá-la até ao final deste ano, disseram fontes norte-americanas à Associated Press. As propostas orçamentais dos EUA não previam este ano que fosse levantada a suspensão de financiamento à organização e os diplomatas que deveriam ocupar postos junto da UNESCO este ano foram previamente aconselhados a procurar uma alternativa de colocação.

Não é a primeira vez que os EUA deixam a entidade: em 1984 Washington retirou-se alegando má gestão e instrumentalização política. Voltaram a integrar a UNESCO em 2003.

As raízes da organização (com 195 membros, incluindo EUA, e 10 membros associados) remontam a 1942, ainda durante a II Guerra Mundial com a Conferência dos Ministros Aliados da Educação, realizada em Londres. A UNESCO foi criada em 16 de Novembro de 1945, sendo formalizada um ano mais tarde após ratificação de 20 países, entre os quais os EUA.

Portugal, tal como os EUA, também tem no seu registo uma retirada da UNESCO. Entrou em 1965 e anunciou a saída em 1971. "A sua participação foi muito discutida a propósito das suas políticas coloniais", refere a obra International "Organization and Integration: Organizations related to the United Nation". Depois de acusar a organização de se imiscuir em assuntos internos, saiu em 31 de Dezembro de 1972. Reingressaria em 11 de Setembro de 1974, já instituída a democracia.

(Notícia actualizada às 15:47 com mais informação)
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