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Brasil: Temer diz que não tem medo de ser impopular

O presidente do Brasil repete que não se candidatará em 2018 e diz que, por isso, se sente com mãos mais livres para tomar medidas impopulares que podem colocar a economia no caminho da recuperação.

REUTERS/Ueslei Marcelino
Negócios 20 de Setembro de 2016 às 12:43
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O presidente brasileiro Michel Temer promete avançar com reformas para reanimar a economia, e considera que a sua falta de ambição eleitoral lhe dá mão livre para agir e concretizar "medidas que possam parecer impopulares".


Em entrevista à agência Bloomberg em Nova Iorque, onde se encontra para participar na Assembleia-geral da ONU dedicada aos refugiados, Temer diz que irá dedicar todo o seu capital político para sanear as contas públicas, avisa que não haverá muita margem para aumentar salários dos funcionários e expressa confiança de que o Congresso aprove em meados do próximo ano as suas propostas para limitar os gastos e avançar com a reforma das pensões públicas.


"Eu não tenho nenhuma ambição eleitoral para 2018, portanto, vou estar à vontade para enfrentar problemas aparentemente impopulares", afirma, acrescentando estar disposto para "assumir uma posição mais dura na política e na economia."

"Ainda estamos em uma situação muito difícil, economicamente falando", refere. A inflação está na casa dos 9%, valor idêntico ao do défice orçamental, e há sinais de que a economia pode ter batido no fundo depois de ter contraído durante seis trimestres consecutivos. Analistas consultados pelo Banco Central esperam um crescimento de 1,4% no próximo ano, o que seria a maior expansão desde 2013. "O meu único objectivo é colocar o Brasil no caminho certo", diz Temer.

 

Margem apertada

O antigo "vice" de Dilma Rousseff não terá, porém, facilidades. O presidente enfrenta a pressão dos legisladores, incluindo membros de seu Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, para aumentar a remuneração dos funcionários públicos que compõem uma parte essencial do seu eleitorado.

Outra das dificuldades de Temer é que não tem um mandato popular para medidas controversas nem é particularmente bem visto entre os brasileiros. Apenas 14 % dos entrevistados pelo Datafolha em Julho dava nota positiva à sua administração, o que compara com 13 % de aprovação recebida pelo governo de Dilma Rousseff em Abril, mês anterior ao seu afastamento temporário da presidência, convertido em Setembro em pena definitiva de "impeachment" por ter maquilhado as contas públicas do país.

Parte da desconfiança do governo de Temer decorre do envolvimento de membros do seu partido em escândalos de corrupção. À Bloomberg, o presidente garante que não haverá obstrução à justiça. " A [operação] Lava-Jato continuará até que atinja a sua conclusão, e todos os crimes sejam descobertos".

Além do orçamento federal, o presidente enfrenta outros desafios para retomar o crescimento e a confiança na maior nação da América Latina. Vários estados, designadamente o do Rio de Janeiro, enfrentam uma crise financeira potencialmente explosiva, mesmo depois de terem chegado a um acordo em Junho com a administração federal que lhe permitou adiar o pagamento de dívidas. Ainda na semana passada, 14 estados anunciaram que poderão ser forçados a declarar o estado de emergência e ameaçaram usar os seus representantes no Congresso para adiar votações, casos não recebam ajuda adicional de Temer. O Ministério da Fazenda (Finanças), disse à Bloomberg, está a ver se há espaço no orçamento para "fazer alguma coisa" para ajudar mais os estados.

Durante a visita desta semana a Nova Iorque, Temer vai reunir-se com investidores e divulgar o seu plano para leiloar concessões de aeroportos, ferrovias, serviços públicos e campos de petróleo. 

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