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Brasil: Moro e Lula estão pela primeira vez frente-a-frente
Lula da Silva, que enfrenta actualmente cinco processos judiciais originados das investigações da Lava Jato, está pela primeira vez a ser ouvido pelo juiz Moro, em Curitiba, no sul do país.
O ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva está esta tarde de 10 de Maio a ser ouvido pela primeira vez pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pela investigação sobre a rede de corrupção ancorada na petrolífera estatal Petrobras, no âmbito da operação Lava Jato.
Lula da Silva, que enfrenta actualmente cinco processos judiciais originados das investigações da Lava Jato, está pela primeira vez a ser ouvido pelo juiz Moro, em Curitiba, no sul do país, no âmbito do processo em que é suspeito de ter recebido um apartamento de luxo, um triplex em Guarujá (no litoral de São Paulo), da construtora OAS como suborno devido à sua influência para beneficiar a empresa em contratos com a Petrobras e com outras instituições públicas brasileiras.
Lula é apontado pelo Ministério Público como o coordenador de um enorme esquema de corrupção montado no país. O ex-Presidente nega que tenha recebido qualquer recurso ilícito das empresas investigadas no Brasil.
A defesa convocou 87 testemunhas para deporem no "caso do triplex" e pedira para adiar o interrogatório por mais 90 dias para analisar as acusações, algo que foi negado pelo Supremo. Em mais um revés, um juiz de Brasília decretou também ontem a suspensão das actividades do Instituto Lula, suspeito de servir de fachada a esquemas corruptos do antigo presidente e histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT).
A defesa de Lula havia também solicitado a transmissão em directo do interrogatório desta tarde, o que foi mais uma vez recusado. Como tem sido norma na operação Lava Jato, o depoimento de Lula será gravado e disponibilizado posteriormente na íntegra ao público, através do site da Justiça Federal.
Os especialistas ouvidos pela BBC-Brasil consideram improvável que, após este interrogatório, Lula seja sujeito a qualquer medida de coação, designadamente a prisão preventiva, e mesmo que venha a ser condenado, lembram que poderá recorrer a instâncias superiores, já que Moro é juiz de primeira instância.
O interrogatório foi antecedido de uma grande mobilização nas redes sociais, que voltou a mostrar um Brasil polarizado. "De um lado, o ex-operário herói da classe trabalhadora que hoje é acusado, em cinco processos distintos, de receber propina (suborno) e outras vantagens indevidas de construtoras amigas e cujo principal eixo de defesa é dizer que se trata de uma perseguição politicamente motivada, oferecendo como troco uma possível candidatura presidencial em 2018" e do outro "um juiz forjado em herói nacional para boa parte da população, que prendeu empresários e políticos como nunca antes", resume o El País-Brasil.