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Quatro anos depois do fim da saga PT, Cabo Verde Telecom vai entrar em bolsa
A bolsa de Cabo Verde vai passar a contar com mais duas cotadas até ao final deste ano, uma delas a Cabo Verde Telecom. Em 2019, a PT Ventures vendeu 40% da empresa de telecomunicações ao Estado cabo verdiano.
A Cabo Verde (CV) Telecom vai entrar em bolsa a par de outra empresa ainda este ano, avançou esta sexta-feira o presidente da bolsa do arquipélago, Miguel Monteiro, durante um almoço com jornalistas.
Assim, a bolsa de Cabo Verde passará a contar com seis cotadas, juntando as duas novas empresas à Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), o Banco Comercial do Atlântico (BCA), a ENACOL e a Sociedade Cabo-verdiana de Tabacos (SCT).
A maioria do capital social da CV Telecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (instituto público que gere as pensões cabo-verdianas), em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado de Cabo Verde (3,4%) entre os acionistas, bem como privados nacionais (13,7%).
A CV Telecom nasceu da cisão dos CTT-EP, em 1994, originando a separação dos negócios de correios e de telecomunicações, resultando na sociedade anónima, a Cabo Verde Telecom.
Seguiu-se, em 1995, a privatização da CV Telecom com a entrada do parceiro estratégico, a Portugal Telecom.
Em novembro de 2014, o Estado de Cabo Verde suspendeu unilateralmente o acordo parassocial assinado em março de 2000 com a PT Ventures, dando origem a um litígio de cinco anos que terminou em 2019 com a venda de 40% da CV Telecom, detida pela PT Ventures, por 23,3 milhões de euros ao Estado cabo verdiano.
Além da empresa de telecomunicações, até ao final do ano, deve ainda entrar em bolsa uma nova cotada, mas que Miguel Monteiro não adiantou o nome.
Estas duas novas admissões contam assim para o plano estratégico da bolsa cabo verdiana, onde um dos objetivos é garantir a existência de dez cotadas até 2025.
Cabo Verde trabalha entrada de PME em bolsa
Num esforço pela entrada de pequenas e médias empresas na bolsa cabo verdiana, está em curso uma revisão do código dos valores mobiliários do país.
Entre as mudanças que estão a ser trabalhadas pelo regulador financeiro do país está a redução de capitais próprios necessários para entrar em bolsa.
Miguel Monteiro revelou ainda que a emissão de obrigações azuis que terminou no passado dia 28 de fevereiro teve "uma procura de 150%", sendo que 20% do total da procura adveio da diáspora.
Por fim, no que toca ao trabalho que está a ser realizado no sentido de emitir "diáspora bonds", um instrumento financeiro destinado aos cabo-verdianos emigrados, este trabalho preliminar deve estar terminado ainda este ano.
A bolsa de Cabo Verde fechou o ano com um resultado histórico de dez colocações bolsistas, face à média anual de quatro antes de 2022, tendo o montante de emissões no mercado primário, incluindo títulos do Tesouro, atingido os 27.925 milhões de escudos (253,3 milhões de euros), um recorde desde o início das atividades da bolsa.