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Libertação de Mubarak poderá aumentar tensão no Egipto

O antigo ditador poderá sair da prisão ainda esta semana, uma vez que as autoridades judiciais egípcias deram luz verde para a sua libertação. A saída de Mubarak da prisão vem aumentar os receios de uma nova escalada da violência que tem assolado o país nos últimos dias.

Sentença do julgamento de Mubarak a 2 de Junho
19 de Agosto de 2013 às 19:10
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Hosni Mubarak, que esteve à frente do Egipto durante mais de 30 anos e que foi condenado a prisão perpétua em Junho de 2012, pode sair em liberdade ainda esta semana. O antigo ditador foi acusado de cumplicidade na morte de 846 pessoas nas manifestações pacíficas que forçaram a sua queda em Fevereiro de 2011.

 

Tanto a defesa como a acusação recorreram da decisão e Mubarak deverá ser julgado novamente. Porém, o antigo Presidente do Egipto estava preso preventivamente na sequência de uma outra acusação por envolvimento num caso de corrupção. O prazo de prisão preventiva correspondente a este processo terminou e as autoridades judiciais já deram autorização para que Mubarak aguarde o veredicto final em liberdade.  

 

Mubarak ainda se encontra detido na prisão de Tora, nos arredores do Cairo. O seu advogado revelou que apenas falta a conclusão de um processo administrativo para que o antigo líder egípcio saia em liberdade. Recentemente juntaram-se a Mubarak, na prisão de Tora, alguns dos principais dirigentes da Irmandade Muçulmana, detidos pelo Exército.  

 

A libertação do antigo ditador pode piorar ainda mais o clima de tensão que se vive por todo o Egipto, na sequencia do golpe militar de 3 de Julho que depôs Mohamed Morsi. “Isto pode estar legalmente certo, mas a libertação de Mubarak pode conduzir a consequências desastrosas na rua, dada a atmosfera política no Egipto”, considera Mohamed Hashim, activista islâmico e advogado especializado em direitos humanos, cita o “Financial Times”. “Há a impressão que o sistema judicial está politizado e isto irá alienar os revolucionários que apoiam o golpe militar”, acrescenta.

 

Violência continua

 

Para este domingo a Irmandade Muçulmana tinha agendadas duas manifestações para a capital Egípcia, que acabou por cancelar por “motivos de segurança”. Ainda assim, verificaram-se várias manifestações no Cairo, com proporções mais pequenas e longe do centro da cidade, que é ocupado pelos blindados do Exército.

 

Num discurso perante os chefes das Forças Armadas e da polícia, o general Abdel Fattah al-Sissi, garantiu que o Egipto “não se vergará diante da violência dos islamitas”.”Quem imagina que a violência vai fazer o Estado e os egípcios ajoelhar-se terá de rever a sua posição. Jamais ficaremos silenciosos perante a destruição do país”, disse o general.

 

Os confrontos do fim-de-semana elevaram para mais de 800 o número de mortos desde a tentativa de dispersão dos acampamentos dos apoiantes de Morsi, na passada quarta-feira. Nesse mesmo dia foi declarado o estado de emergência nacional, que se deverá prolongar durante um mês.

Entretanto, a violência prossegue no Egipto. Esta segunda-feira uma emboscada em Rafah, na Península de Sinai, vitimou mortalmente pelo menos 24 polícias, quando um rocket atingiu uma coluna de veículos.

 

UE quer rever relações com o Egipto após violência

 

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) vão reunir-se esta quarta-feira para analisar a situação no Egipto e adoptar uma posição comum quanto à situação de violência que o Egipto atravessa.

 

Já Durão Barroso e Herman Van Rompuy, presidente da Comissão Europeia e presidente do Conselho Europeu, respectivamente, anunciaram este domingo que, caso o clima de violência prossiga no Egipto, a UE pode “rever as suas relações” com o país.

 

Uma das possibilidade que está em cima da mesa é a suspensão da ajuda financeira que a UE concedeu ao Egipto. Em Novembro passado, foi aprovado um programa de ajuda financeira no valor de cinco mil milhões de euros ao Egipto para o período de 2012-2014.

 

A Dinamarca anunciou na última semana a suspensão da ajuda bilateral, equivalente a quatro milhões de euros e apelou aos parceiros europeus para fazerem o mesmo.

 

O Governo da Arábia Saudita veio já afirmar que caso a UE retire a ajuda ao Egipto estará pronto para compensar a falta de capital. “Os países árabes e muçulmanos são ricos em gente e potencial e sem dúvida ajudarão o Egipto”, afirmou Saud al Faisal, ministro do Exterior saudita. Para a Arábia Saudita, o Egipto revela-se como uma prioridade estratégica, muito pela posição geográfica que ocupa. “É o maior país árabe e o mais importante”, considera Saud al Faisal.

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