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Presidente angolano apela a investimento das petrolíferas
Na abertura da conferência "Angola Oil & Gas 2019", João Lourenço garantiu que estão em curso um conjunto de reformas que dão melhores condições para a realização de investimentos em Angola.
O Presidente angolano exortou, em Luanda, os operadores petrolíferos mundiais a investir em Angola, garantindo estar em curso um processo de reformas no setor que assegura melhores condições para se apostar no país.
João Lourenço discursou esta terça-feira, 4 de junho, na abertura da conferência "Angola Oil & Gas 2019", que começou hoje no Centro de Convenções de Talatona, a sul de Luanda, evento que junta até quinta-feira a quase totalidade dos principais operadores petrolíferos mundiais.
"África detém um grande potencial de hidrocarbonetos inexplorados, tendo, por isso, uma palavra a dizer no que concerne à segurança energética do próprio continente e do mundo industrializado no geral. Nesse quadro, Angola ocupa uma das posições cimeiras no continente", referiu o chefe de Estado angolano.
João Lourenço acrescentou que o Governo a que preside "está consciente" da realidade e das potencialidades africanas, sublinhando que Angola está "em linha" com o lema da conferência, que encara o petróleo e o gás como catalisadores de uma economia dinâmica, renovável e autossustentável.
"Num momento em que Angola está empenhada em atrair investimentos e em promover parcerias e negócios em todos os segmentos da cadeia de energia e da indústria petrolífera, a realização desta conferência permite dar a conhecer melhor aos potenciais investidores estrangeiros a visão que o país tem para a sua indústria do petróleo e do gás", frisou.
Para o Presidente angolano, a conferência vem ao encontro das expetativas de Angola, uma vez que, apesar dos esforços que estão a ser feitos para a diversificação económica, os produtos petrolíferos continuam a dominar as exportações (atualmente, constituem mais de 95% do total).
João Lourenço salientou que diversas condicionantes de ordem técnica, operacional e estratégica provocaram nos últimos anos uma redução da produção de petróleo, o que obrigou o Governo a tomar medidas para fazer cumprir os objetivos e metas do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-22 para o setor petrolífero.
Além de vários decretos presidenciais que visam regular a atividade petrolífera, prosseguiu, foram aprovados diplomas no domínio jurídico-legal, com destaque para a legislação que estabelece os princípios gerais de investimento e o respetivo regime fiscal para as atividades de prospeção, pesquisa, avaliação, desenvolvimento, produção, e utilização do gás natural.
João Lourenço lembrou que tanto a Sonangol, petrolífera estatal que detinha o monopólio do setor, como as demais companhias petrolíferas privadas passaram a ter o direito de pesquisar, avaliar, desenvolver, produzir e vender gás natural no mercado interno e a exportar, dispondo de períodos específicos e mais longos para a exploração e produção de gás natural, em comparação com o petróleo bruto.
O chefe de Estado angolano lembrou que o Programa de Desenvolvimento e Consolidação da Fileira do Petróleo e Gás, inscrito no PDN 2018-22, compreende três grandes objetivos: impulsionar e intensificar a substituição de reservas com vista a atenuar o declínio acentuado da produção, garantir a autossuficiência de produtos refinados através da construção de novas refinarias e da ampliação da existente e melhorar a rede de distribuição de combustíveis e lubrificantes em todo o território nacional, através do aumento da capacidade de armazenagem.
João Lourenço lembrou também que o Governo decidiu efetuar um reajustamento na organização do setor de petróleos, tendo criado em fevereiro deste ano a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPGB), que passa a assumir a função de concessionária nacional para licenças de hidrocarbonetos.
Quanto à Sonangol, realçou, está a ser alvo de um "processo de regeneração", centrando-a no seu negócio nuclear em torno da cadeia de valor do petróleo bruto e do gás natural.
"Tendo em consideração que Angola importa cerca de 80% dos derivados de petróleo que consome, por falta de capacidade de refinação interna, o executivo colocou entre as suas principais prioridades a construção da grande refinaria do Lobito, a de Cabinda e a requalificação da refinaria de Luanda. Deixamos em aberto a possibilidade de mais uma refinaria, neste caso no Soyo, se os estudos em curso quanto à oferta de crude assim o aconselharem", recordou.
Prosseguindo com as alterações feitas no último ano, João Lourenço realçou a decisão de aumentar a capacidade de armazenagem de combustíveis e lubrificantes e da rede de postos de abastecimento em todo o país, contando com a iniciativa privada.
"Sendo este setor de capital intensivo e de tecnologia avançada, a sua importância será ainda maior se passar a incorporar de forma crescente mão-de-obra angolana qualificada", apelou, lembrando os incentivos que têm sido criados pelo Governo.
A intenção é que, através do processo de revisão da Lei do Conteúdo Local, as empresas petrolíferas cumpram os seus planos de formação e promovam o recrutamento, integração, formação e desenvolvimento de quadros técnicos angolanos em toda a cadeia na hierarquia da indústria petrolífera, "aumentando assim para níveis aceitáveis o grau de ‘angolanização’ do setor".