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PR angolano espera que José Eduardo dos Santos cumpra promessa de sair em 2018

João Lourenço afirma esperar que o ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos cumpra o compromisso assumido de, em 2018, abandonar a liderança do MPLA.

As eleições de 23 de Agosto em Angola decorreram com a normalidade esperada. João Lourenço, cabeça-de-lista do MPLA e candidato à sucessão de José Eduardo dos Santos, foi o mais votado e garantiu a entrada no Palácio da Cidade Alta, residência oficial do chefe de Estado angolano. O acto eleitoral ficou marcado por um facto que ficará para a história. Eduardo dos Santos disse adeus à presidência, fechando um longo ciclo de 38 anos e abrindo a porta a uma transição que prometia ser tranquila. O espanto veio logo depois. Quando muitos pensavam que o novo líder seria uma marioneta e José Eduardo dos Santos continuaria a mexer os cordelinhos do poder angolano, João Lourenço surpreendeu com uma autêntica razia de titulares de cargos públicos afectos ao antigo presidente. A começar pelo governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, e terminando na mediática Isabel dos Santos.
08 de Janeiro de 2018 às 13:41
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O Presidente da República de Angola, João Lourenço, disse hoje que não sente crispação com o ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, mas aguarda que cumpra o compromisso anteriormente assumido, de deixar a liderança do partido em 2018.

"Só a ele compete dizer se o fará, se vai cumprir com esse compromisso. Quando isso vai acontecer, só a ele compete dizer", disse o Presidente da República, que falava nos jardins do Palácio Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa com mais de uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros, quando passam 100 dias após ter chegado à liderança no Governo.

Questionado sobre a alegada tensão que mantém com o presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder em Angola desde 1975, e ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, o Presidente negou qualquer problema: "Não sinto essa crispação nas nossas relações", afirmou João Lourenço.

Acrescentou que mantém "relações normais de trabalho" com o presidente do partido, negando qualquer bicefalia na governação em Angola, até porque "nada está acima da Constituição", ambos trabalhando em "campos distintos" e com "cada um a cumprir o seu papel".

"Oito dias [dias do mês de Janeiro] não é nada. Vamos aguardar os próximos tempos", refutou, sobre o anúncio feito em 2016 por José Eduardo dos Santos, que disse abandonar a vida política em 2018.

Desde que assumiu o cargo de Presidente da República, João Lourenço já realizou mais de 300 nomeações, que corresponderam a várias dezenas de exonerações, incluindo da empresária Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos, da Sonangol, e de mais de 30 oficiais generais em posições de topo na hierarquia militar, valeram-lhe a alcunha nas redes sociais: "O exonerador implacável".

Foram "tantas quantas as necessárias", respondeu hoje, a propósito, o chefe de Estado.

Apesar de ter deixado a presidência angolana, José Eduardo dos Santos mantém-se líder do MPLA, partido no poder desde 1975, com mandato até 2021, e ainda não se referiu publicamente às mudanças que João Lourenço tem vindo a implementar, nomeadamente ao afastamento dos filhos de lugares chave em poucas semanas.

É o caso de milionária empresária Isabel dos Santos, exonerada de presidente do conselho de administração da petrolífera Sonangol, ou da empresa Semba Comunicação, que tem como sócios os irmãos Welwitshea ‘Tchizé' e José Paulino dos Santos ‘Coreon Du', filhos do ex-chefe de Estado angolano, que perdeu a gestão do canal 2 da televisão pública angolana.

Estas medidas fizeram disparar o apoio popular a João Lourenço.

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