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Justiça angolana arresta bens do empresário angolano Carlos de São Vicente

As autoridades suíças já tinham congelado 900 milhões de dólares da conta do empresário que é marido de Irene Alexandra da Silva Neto, antiga deputada e filha do primeiro Presidente de Angola.

1º Luanda (Angola)
10 de Setembro de 2020 às 10:32
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A Procuradoria Geral da República (PGR) angolana ordenou a apreensão de vários bens do empresário angolano Carlos manuel de São Vicente, por suspeitas de diversos crimes.

 

De acordo com um comunicado da PGR angolana, o arresto dos bens deve-se aos "fortes indícios dos crimes de peculato, participação económica em negócio, tráfico de influências e branqueamento de capitais".

 

Entre os bens apreendidos, conta-se 49% das participações na AAA Ativos e no Standard Bank de Angola; Três edifícios AAA e o edifício IRCA;  e a rede de hóteis "IU" e "IKA".

 

A decisão da justiça angolana surge depois da congénere suíça congelar 900 milhões de dólares da conta do empresário angolano, por suspeitas de lavagem de dinheiro.


Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em ingês), foram sete as contas congeladas do ex-presidente da AAA Seguros Carlos Manuel de São Vicente, que é marido de Irene Alexandra da Silva Neto, antiga deputada e filha do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto.

Destas sete contas congeladas, os fundos de seis delas foram já libertados, mantendo-se congelada a conta que tem cerca de 900 milhões de dólares, o equivalente a mais de 752 milhões de euros.

"O meu cliente refuta fortemente as acusações contra ele", disse a advogada Clara Poglia em declarações ao ICIJ, acrescentando que o cliente "confirma que sempre agiu em acordo com a lei e isso será demonstrado no quadro do processo criminal".

Nas declarações ao ICIJ, a advogada alerta ainda que "qualquer publicação de aspetos relacionados com este procedimento viola o princípio da inocência [de Carlos São Vicente], bem como os seus direitos pessoais".

As autoridades suíças alegam que entre 2012 e 2019 o empresário transferiu quase 900 milhões de dólares da companhia de seguros para as suas contas, algo que só foi descoberto quando o banco SYZ alertou para uma transferência de 213 milhões de dólares, de acordo com os documentos da acusação divulgados no site do ICIJ.

"É pouco comum para um presidente executivo e do conselho de administração ter em sua posse fundos pertencentes a uma companhia, ainda para mais uma seguradora regulada pelo Estado, apesar de ter, neste caso, poder de representação individual da companhia", lê-se na acusação divulgada pelo consórcio de jornalistas.

 

A empresa petrolífera angolana, a Sonangol, tem uma participação de 10% na AAA Seguros, que foi dissolvida já este ano.

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