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João Lourenço: Políticos "têm de saber ler o povo" e os nosso povos querem amizade

"A vontade do povo angolano e português sempre foi pelo estreitamento das relações de amizade e cooperação entre os nossos dois países", disse João Lourenço.

Pedro Catarino
22 de Novembro de 2018 às 14:41
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O presidente de Angola disse esta quinta-feira, 22 de Novembro, sobre a questão judicial que obstaculizou a relação entre os dois países, que "a classe política tem de saber interpretar a vontade dos povos", que é de "estreitamento das relações de amizade".

"A vontade dos povos dos dois países é imutável, é única, os dois povos sempre se quiseram bem, e os povos não mudam, a classe política é que às vezes muda, porque há eleições, e havendo eleições, não são sempre os mesmos no poder", começou por dizer o presidente de Angola na resposta aos jornalistas, depois de um encontro com o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, no início de uma visita de Estado de três dias.

"A classe política tem a obrigação de saber interpretar correctamente a vontade dos povos, e a vontade do povo angolano e português sempre foi pelo estreitamento da amizade, das relações de amizade e cooperação entre os nossos dois países", disse João Lourenço.

Depois de o processo da Justiça portuguesa contra o antigo vice-presidente Manuel Vicente ter passado para a tutela da Justiça de Angola, "aquilo a que chamam de irritante desapareceu em definitivo, não ficam rancores, antes pelo contrário, o que é passado é passado", disse João Lourenço, que disse ter vindo a Portugal "a pensar no presente e no futuro das relações, que pode ser muito risonho" dependendo da vontade "das autoridades dos dois países e dos povos dos dois países".

Antes, já o presidente angolano tinha confessado não gostar da expressão "irritante", que ficou cunhada para descrever o problema que existia sobre um processo da justiça portuguesa que corria contra o antigo vice-presidente de Angola Manuel Vicente, e que acabou por ser solucionado quando o processo transitou para as autoridades angolanas.

"Sobre o que os portugueses convencionaram chamar de irritante, expressão que entrou recentemente no léxico político português, eu não gostaria de usar essa expressão, nunca existiu nenhum irritante nas nossas relações, pelo menos durante a vigência da minha presidência, que ainda é curta", disse João Lourenço, explicando que o que estava em causa era o cumprimento de um acordo na área da Justiça que envolve os Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"O que se passou, e é preciso que chamemos as coisas pelos seus nomes reais, é que da parte de Portugal havia o incumprimento de um acordo que existia, e o que Angola fez foi apenas recordar a um país amigo, a um país com quem temos boas relações e pretendemos continuar a ter, da necessidade de a outra parte signatária desse acordo respeitar o acordo", disse o chefe de Estado angolano.

Angola, concluiu o presidente angolano, "só exigiu que se fizesse isto, a tal ponto que logo que isto aconteceu, e felizmente quem no princípio hesitou em respeitar o acordo foi quem decidiu respeitá-lo, estou-me a referir à Justiça, acabou por ser não outro órgão de poder, mas exactamente o mesmo órgão, a Justiça".
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